Dia do Rim: a importância da prevenção e dos cuidados com as doenças renais
Veja o que falam especialistas e uma paciente que superou a doença

Dia do Rim: a importância da prevenção e dos cuidados com as doenças renais

Uma em cada dez pessoas no mundo sofrem com o problema; Portal Revide conversou com especialistas e com quem venceu a doença

Comemorado na segunda quinta-feira de março, o Dia Mundial do Rim, idealizado pela Sociedade Internacional de Nefrologia (ISN), visa reduzir o impacto da doença renal no mundo. Neste ano, a data é celebrada nesta quinta-feira, 14 de março, e traz o tema “Saúde dos rins para todos”. Para marcar este dia e mostrar a importância da prevenção, tratamento e superação, o Portal Revide falou com especialistas e com a jornalista Mariangela Gumerato, que sofreu com o problema de insuficiência renal, passou pela hemodiálise, conseguiu um rim compatível e realizou o transplante.

Dr. Molina, coordenador cirúrgico da Unidade de Transplante Renal do HC“No dia 14 de março, há 12 anos, celebramos o Dia Mundial do Rim, atualmente, com eventos em mais de 90 países. Esta campanha tornou-se um fenômeno global envolvendo médicos, órgãos governamentais, população geral, portadores de doença renal e celebridades. Este dia tem a missão de chamar a atenção para a importância dos rins na saúde da população e de reduzir a frequência das doenças renais com seu consequente impacto na saúde mundial”, explicam o coordenador cirúrgico da Unidade de Transplante Renal do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, doutor Carlos Augusto Fernandes Molina, e a coordenadora clínica, doutora Elen Almeida Romão.

Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), uma em cada dez pessoas no mundo tem problemas renais e, anualmente, milhões morrem devido a complicações relacionadas à Doença Renal Crônica (DRC). Em Ribeirão Preto, segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde, há 578 pacientes em hemodiálise pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e 180 pela rede particular. Já em Diálise Peritoneal – técnica de substituição da função renal –, há 19 pacientes pelo SUS, e 28 no particular.

“O problema renal pode acontecer já na infância, nos primeiros dias de vida, e na criança a principal causa da doença renal crônica são anomalias congênitas do rim e trato urinário. Tem-se ideia do impacto da doença renal analisando dados americanos, que mostram mais de 26 milhões de americanos, aproximadamente 13% da população, sofrendo de alguma forma da doença renal crônica”, falam os especialistas.

De acordo com Molina e Elen, há pessoas que apresentam maiores riscos de desenvolverem doenças renais, como as crianças, como mencionado anteriormente, e os pacientes adultos portadores de diabetes e hipertensão arterial. Os médicos explicam que ações preventivas e terapêuticas neste grupo de pacientes podem ajudar na prevenção destes problemas.

“Nas crianças, o acompanhamento pré-natal com a realização dos três exames de ultrassonografia previstos para os três trimestres da gestação favorece o diagnóstico de anomalias renais e do trato urinário no período pré-natal, permitindo o acompanhamento pós-natal adequado minimizando o seu impacto na saúde dos rins. Nos adultos, campanhas voltadas para o diagnóstico populacional do diabetes e da hipertensão arterial (“screening”), conscientização dos métodos para a prevenção por meio da prática de hábito de vida saudável e educação continuada dos profissionais da saúde sobre a importância da detecção destas doenças para a redução do risco da doença renal crônica, particularmente, na população de alto risco, hipertensos e diabéticos mal controlados”.

Doenças renais mais comuns

Segundo os especialistas, as doenças renais mais comuns são: “os cálculos urinários, as infecções renais ou pielonefrites, os cistos renais, os tumores ou câncer de rim e a perda de função renal conhecida como doença renal crônica, no adulto, frequentemente relacionada com o diabetes e a hipertensão arterial não controlados. No entanto, todas estas doenças podem e, normalmente, evoluem para a doença renal crônica se não adequadamente diagnosticadas e tratadas”.

A manifestação desses problemas, conforme explicado pelos médicos, está diretamente relacionada ao tipo de doença renal presente, lembrando que elas podem apresentar isoladamente e/ou associadas.

Cálculos Renais: os cálculos renais cursam com dor lombar tipo cólica, presença de sangue na urina e sintomas ao urinar tipo ardência e intermitência do jato.

Pielonefrites: as pielonefrites causam febre, queda do estado geral, dor lombar, sintomas miccionais e odor fétido na urina.

Cistos e Tumores Renais: os cistos renais são silenciosos e usualmente identificados em exames de imagem realizados após os 40 anos de idade, semelhantemente aos tumores renais, que anteriormente a grande difusão dos exames de imagem eram identificados pela tríade clássica: dor, sangue na urina e tumor palpável no abdome.

“A perda da função renal pode ser identificada pela não eliminação de líquidos e excreções das escórias urinárias gerando inchaço, confusão mental, redução do volume urinário, anemia e agravamento da hipertensão arterial. Porém, estes sintomas só ocorrem na fase muito avançada da doença renal crônica, quando não há mais possibilidade de tratamento para recuperar ou estabilizar a função dos rins. Por isso a conscientização, as ações preventivas e o diagnóstico precoce desta doença se fazem tão importantes”, diz os médicos.

Tratamentos

Os médicos explicam, que assim como a manifestação das doenças renais, os tratamentos também dependerão do tipo do problema do paciente. “Como mencionado, todos os tipos de doença renal podem caminhar para a doença renal crônica, que no estágio terminal tem como única forma de tratamento a diálise ou transplante renal. Assim, o Dia Mundial do Rim tem como objetivo a conscientização sobre os problemas renais e as doenças que mais frequentemente conduzem à falência renal, diabetes e hipertensão arterial, estimulando avaliação populacional sistemática, mudança de hábito de vida, educação continuada dos prestadores de serviço de atenção à saúde e envolvimento das autoridades responsáveis pelas políticas públicas”, finalizam os médicos.

Superação: "Ganhei um nova vida" Mariangela durante o tratamento

Abaixo, veja o vídeo com o depoimento da jornalista Mariangela Gumerato, que sofreu com o problema de insuficiência renal hereditário, que herdou de seu pai. Ela passou pela hemodiálise, conseguiu um rim compatível, realizou o transplante e superou os obstáculos causados pela doença. 

"Tive de descobrir um novo mundo, me adaptar à situação. Fazia hemodiálise durante quatro horas e três vezes por semana, porém continuei trabalhando e tentando levar minha vida normal, mas me sentia muito mal depois do tratamento. Só que eu dormia, acordava bem no outro dia, com o sangue limpo, e ia trabalhar. Então, a maior dificuldade, talvez, tenha sido essa, de enfrentar a pós-diálise. Depois disso, enfrentar os problemas que eu passei pós-transplante, que são normais que acontecem, também foram difíceis, mas superei tudo isso. Agora, já faz um ano e dois meses que eu ganhei uma vida nova". 

Para Mariangela, que já contou com a solidariedade de outra pessoa, a conscientização para a doação de órgãos é muito importante. "Acho que as pessoas estão despertando um pouco mais para a importância de doar os rins, ou qualquer outro órgão, mas ainda é muito pouco. A gente sabe que as filas para qualquer tipo de transplante são muito grandes, tem gente que fica anos e anos esperando e não consegue um rim compatível. Por isso, precisamos de mais conscientização", afirma a jornalista.  

No Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), mais de 33 mil pessoas aguardam na lista de espera por um transplante. O número de pacientes que aguardam um rim lidera o ranking. 

Brasil Rim Fígado Coração Pulmão  Pâncreas  Pânc/Rim Córnea 
Total 22.581 1.184 282 185 24 410 8.788

No Estado de São Paulo, mais de 14 mil pacientes aguardam a doação na fila de espera. 

São Paulo   Rim Fígado Coração Pulmão Pâncreas Pânc/Rim Córnea
Toral 11.533 423 151 101 15 308 2.273

*Dados de Dezembro de 2018


Foto: Pixabay e Arquivo Pessoal | Vídeo: Pedro Henrique Misawa

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