Entenda a relação do vírus Zika com a Microcefalia
O Portal Revide conversou com o coordenador do Centro de Pesquisa em Virologia da USP de Ribeirão, Benedito da Fonseca; Confira
Confirmada pela primeira vez no fim de novembro do ano passado, segundo o Ministério da Saúde, a relação entre o vírus Zika e microcefalia passou a ser motivo de preocupação e atenção à população brasileira. Em Ribeirão Preto, são investigados casos em gestantes.
De acordo com o médico e coordenador do Centro de Pesquisa em Virologia da USP de Ribeirão Preto, Benedito Lopes da Fonseca, no começo dos anos 2000, na Polinésia Francesa, houve uma epidemia de Zika associada a uma doença neurológica não frequente, que se chama Síndrome de Guillain-Barré, que ocorre quando o sistema imunológico do corpo ataca parte do próprio sistema nervoso. Isso leva à inflamação dos nervos, que provoca fraqueza muscular. Porém, não havia nenhum relato de microcefalia. “O que aconteceu aqui no Brasil foi de repente, onde essa doença afetou uma grande parte da população,” comenta.
O médico explica que a relação do Zika com a microcefalia é o isolamento do vírus no feto e a detecção do genoma no liquido amniótico de grávidas. Através do ultrassom, constata-se, então, que os filhos têm a microcefalia.
“Se a gestante não fizer a ultrassom no começo da gravidez, só vai saber se a criança tem microcefalia no nascimento”, destaca.
O que é o Zika?
Sendo da mesma família da dengue, o vírus Zika também é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti.
Ainda de acordo com o médico, existem evidências de que o Zika seja transmitido pela transfusão de sangue, relações sexuais e transmissões verticais, quando é passado da mãe para o filho. “É assim que entra a relação do vírus Zika com a microcefalia,” frisa.
Os sintomas também são parecidos com a dengue, mas a situação é mais branda. Como febre, dores no corpo, conjuntivite, mal estar, vermelhidão no corpo, dores nas juntas, entre outros.
Além da hidratação e controle da febre, não existe vacina ou outro tratamento para o vírus Zika. “As recomendações são as mesmas que usamos para a dengue. Usar apenas Dipirona ou Paracetamol e muita hidratação,” diz.
O que é a microcefalia?
A microcefalia é uma condição rara em que o bebê nasce com o crânio do tamanho menor do que o normal. Ela é diagnosticada quando o perímetro da cabeça é igual ou menor do que 32 cm - o esperado é que bebês nascidos após nove meses de gestação tenham pelo menos 34 cm.
“Em alguns casos, a microcefalia é tão grande que a criança vai ao óbito logo no nascimento, em outros depende da gravidade da doença para viver,” afirma.
Diagnóstico mais eficaz
O Centro de Pesquisa em Virologia da USP de Ribeirão Preto está padronizando um kit ou um teste para fazer o diagnóstico do vírus Zika durante o período que a pessoa está doente.
“É um teste que vamos usar durante a infecção aguda, quando a pessoa está infectada pelo vírus Zika e, com este exame, será possível analisar se o paciente tem Zika e não dengue,” ressalta Fonseca.
Ele destaca que o Zika tem uma reação cruzada de anticorpo com a dengue, o que dificulta a associação das doenças.
Foto: Arquivo Revide
