Entenda o que é o vírus Epstein-Barr, diagnosticado na cantora Anitta
Fotos: Gustavo Bresciani

Entenda o que é o vírus Epstein-Barr, diagnosticado na cantora Anitta

Mononucleose infecciosa, popularmente conhecida como “doença do beijo”, atinge principalmente indivíduos entre 15 e 25 anos

No último sábado, 3, a cantora Anitta revelou que foi diagnosticada com o vírus Epstein-Barr (EBV na sigla em inglês), vírus causador da Mononucleose infecciosa, durante a exibição do documentário "Eu", em São Paulo, produzido pela atriz Ludmilla Dayer sobre sua luta contra a esclerose múltipla. 

 

Segundo o infectologista Fernando Bellissimo Rodrigues, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, a mononucleose infecciosa, popularmente conhecida como "doença do beijo", é uma síndrome infecciosa que acomete principalmente indivíduos entre 15 e 25 anos de idade, causada pelo vírus Epstein-Barr (VEB), da família Herpesviridae.

 

"A mononucleose infecciosa é a doença causada pelo vírus Epstein-Barr, que é um vírus da família dos herpesvírus, portanto ele é parente do Herpes tipo 1 que dá infecção nos lábios. É um vírus transmitido principalmente pela saliva, daí a Mononucleose ser conhecida também como Doença do Beijo, pois o beijo é uma das formas de transmissão além do compartilhamento de talheres e copos. É um vírus que se difunde amplamente na população de modo que na idade adulta, mais de 90% das pessoas já foi, um dia, infectado por este vírus”.

 

A infecção pode ser assintomática ou apresentar-se com sintomas parecidos com outras doenças respiratórias tradicionais. Entre os principais sintomas estão: febre alta, tosse, odinofagia (dor ao engolir), artralgias (dor nas articulações), adenopatia (aumento dos gânglios linfáticos), esplenomegalia (aumento de tamanho do baço), hepatomegalia (aumento anormal de tamanho do fígado), erupção cutânea (irritação na pele), faringoamigdalite (infecção aguda de faringe, tonsilas ou ambas). 

 

“A maior parte das infecções é assintomática, a pessoa se infecta, transmite o vírus e não percebe que está doente. Uma minoria das pessoas infectadas vai desenvolver os sintomas clássicos da doença, que incluem dor de garganta, febre, inchaço de gânglios, ínguas espalhadas pelo corpo. Uma coisa interessante sobre a mononucleose é que o aspecto da garganta, produzido pela doença, simula muito uma amigdalite bacteriana. Ela cria placas esbranquiçadas na amígdala que um médico menos avisado pode interpretar como uma amigdalite bacteriana e dar antibióticos, que não são indicados neste caso”, destaca Bellissimo.

 

Prevenção

 

Ainda segundo o professor da FMRP, a prevenção contra a mononucleose está relacionada com medidas básicas de higiêne, evitando o compartilhamento de objetos pessoais e alimentos. “Em relação a prevenção dessa doença, são medidas básicas de higiene. Não existe uma vacina disponível no mercado e o que recomendamos é que as pessoas evitem compartilhar objetos, alimentos, copos, garrafas, são medidas que ajudam a evitar essa doença”

 

Diagnóstico 

 

O diagnóstico é feito de forma clínica, associado ao leucograma (exame da qualidade e quantidade de leucócitos, ou glóbulos brancos). Para confirmação laboratorial, podem ser utilizados testes rápidos para detecção de anticorpos específicos para o vírus Epstein-Barr. 

 

Tratamento 

 

A maior parte dos pacientes se restabelecem em poucas semanas, porém uma pequena proporção de doentes pode levar meses para se recuperar da fadiga. Não existe tratamento específico para a mononucleose infecciosa e os pacientes sintomáticos podem utilizar corticoides em caso de complicações com a obstrução de vias aéreas. 

 

“O tratamento é sintomático, feito com anti-inflamatórios, analgésicos, eventualmente corticoides. Os sintomas podem durar até duas, três semanas em casos mais intensos, mas é uma doença que tende para a cura espontânea neste prazo. Raramente essa infecção pode produzir complicações, algumas agudas e outras tardias. As agudas incluem anemia, plaquetopenia, sangramentos. E as tardias envolvem o favorecimento de linfomas e outras neoplasias das células do sangue principalmente relacionadas aos linfócitos B, isso é muito raro, mas existe principalmente em pessoas com deficiência do sistema imune”, completa o professor Fernando Bellissimo.


Fotos: Gustavo Bresciani - @gustavobresciani

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