Especialistas explicam os benefícios de atividades físicas durante a gravidez
Maitê Soares Jordão Zanatta Bechara, de 34 anos, manteve uma rotina saudável durante a gravidez

Especialistas explicam os benefícios de atividades físicas durante a gravidez

Atividades físicas na gestação podem diminuir riscos, promover o controle do peso, o alinhamento da coluna e favorece o bem-estar, afirmam especialistas

Colaboração: Loreta Fagionato.

Durante a gestação, é comum que muitas mulheres tenham dúvidas e receios na hora de praticar exercícios físicos, sobre o que pode ou não fazer, se é seguro para o bebê, ou até mesmo, se pode provocar o parto prematuro. No entanto, estudos demonstram que a atividade física – com supervisão médica – no período gestacional é muito importante e pode favorecer de diversas formas todo o processo.

Mauro da Silva Casanova, ginecologista e obstetra responsável pelo curso de gestantes da Unimed de Ribeirão Preto, explica que as atividades físicas trazem benefícios em qualquer época da vida e para qualquer pessoa. Além disso, o médico aponta que os exercícios fortalecem a musculatura de maneira geral e diminuem os riscos de complicações, principalmente em pacientes obesas e com doenças cardiovasculares.

“Na gravidez, a mulher adquire uma postura diferente, devido ao peso da barriga que  geralmente muda o eixo da coluna. Isso faz, muitas vezes, com que a gestante tenha mais riscos. Portanto, a atividade física, dependendo do que for fazer e de como for fazer, pode funcionar como uma correção de postura, o que vai ajudar muito e, consequentemente controlar o peso”, explicou o médico.

Somado a isso, Casanova ressalta que a prática de exercícios não contribui apenas com o corpo, mas também para a mente. “A hidroginástica, por exemplo, é o momento que a gestante está dentro da água, é um momento só dela. Ela fica tranquila e esquece os problemas rotineiros, é um momento que ela consegue focar no próprio bem-estar”, comentou.

No entanto, vale lembrar que todo e qualquer tipo de exercício físico necessita de acompanhamento médico, principalmente no período gestacional. Segundo o obstetra, as atividades devem ser adaptadas para as gestantes, individualizando cada caso. “Pacientes obesas, diabéticas ou com epilepsia, por exemplo, são situações em que deve haver mais cautela”.

Parto prematuro e contraindicações

Diante dos questionamentos e medos das grávidas sobre os exercícios físicos, surgem hipóteses sobre a prática, e uma delas é: "atividades físicas promovem o parto prematuro?"

Segundo Paulo Maurício Marques, ginecologista do Hospital Ribeirania e do Centro Médico São Lucas de Ribeirão Preto, para a maioria das mulheres grávidas, os exercícios físicos não aumentam o risco de aborto ou parto prematuro. No entanto, estudos sobre exercícios durante a gravidez geralmente excluem mulheres com alto risco de aborto espontâneo ou parto prematuro. Dessa forma, assim como Casanova, o ginecologista Paulo Maurício destaca a importância de avaliar cada caso individualmente.

Os médicos especialistas Mauro da Silva Casanova e Paulo Maurício Marques ressaltam que cada caso deve ser avaliado individualmente

Somado a isso, o médico do Hospital Ribeirania afirma que a maioria das gestantes deveria ser aconselhada a praticar exercícios. No entanto, podem haver contraindicações para aquelas com alguma condição médica preexistente ou em desenvolvimento. Segundo o especialista, essas situações são nomeadas e classificadas como “absolutas” e “relativas” pelo American College of Obstetricians and Gynecologists.

Entre as condições “absolutas” para não praticar exercícios físicos na fase gestacional estão: doença cardíaca hemodinamicamente significativa; doença pulmonar restritiva; insuficiência cervical ou cerclagem; gestação múltipla com risco de parto prematuro; sangramento persistente no segundo ou terceiro trimestre; placenta prévia após 26 semanas de gestação; trabalho de parto prematuro durante a gravidez atual; membranas rompidas; pré-eclâmpsia ou hipertensão induzida pela gravidez; anemia severa.

Já nas situações “relativas”, são citadas: anemia; arritmia cardíaca materna não avaliada; bronquite crônica; diabetes tipo 1 mal controlado; obesidade mórbida extrema; peso extremamente baixo (IMC menor que 12); história de estilo de vida extremamente sedentário; restrição de crescimento intrauterino na gravidez atual; hipertensão mal controlada; limitações ortopédicas; desordem convulsiva mal controlada; hipertireoidismo mal controlado; fumante pesado.

Ademais, são colocadas também algumas situações em que a mulher grávida deve interromper imediatamente suas atividades físicas, como quando apresentar sangramento vaginal; dor abdominal, com ou sem náusea; contrações dolorosas regulares; perda de líquido amniótico; dispneia antes do esforço; tontura, síncope; dor de cabeça; dor no peito; fraqueza muscular afetando o equilíbrio; dor ou inchaço na panturrilha

Atividades recomendadas

A fisioterapeuta e mestre pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP), Cristina Costa Almeida, explicou que a gestante deve realizar exercício físico desde que tenha prescrição médica. “Para sua segurança e a do bebê, a prática deve ser leve e de moderada intensidade, além de acompanhada por um profissional qualificado e especializado”, ressaltou.

De acordo com a profissional, as atividades físicas mais recomendadas para grávidas são hidroginástica, caminhada, tai chi chuan, bicicleta ergométrica, ioga, pilates e musculação. Algumas grávidas também podem praticar a corrida leve ou o “trotar”, respeitando a fase do período gestacional.

Cristina destaca que os exercícios físicos trazem muitos benefícios para a gestante. “A atividade física ajuda a grávida a evitar a diabetes gestacional, já que reduz a taxa de glicose no sangue; promove melhoria da saúde materna física e mental; evita o aumento excessivo do peso e a hipertensão arterial; além de auxiliar no parto e ajudar a evitar a depressão pós-parto”, detalhou.

Outro benefício importante é liberação de hormônios. “As gestantes adeptas à prática da atividade física relatam que há uma melhora considerável da sensação de bem-estar e relaxamento. Isso acontece porque alguns hormônios são liberados durante o exercício. A endorfina, por exemplo, alivia as dores e reduz a ansiedade. Vale ressaltar que, dependendo da intensidade dos exercícios, ocorre também a liberação dos hormônios do crescimento, responsáveis pela queima de gorduras”, disse a fisioterapeuta.

Experiência

A administradora Maitê Soares Jordão Zanatta Bechara, de 34 anos, manteve uma rotina saudável durante a gravidez do seu filho Vitor, de dois anos. Ela afirma que a gestação com uma alimentação saudável e a prática de atividades físicas a ajudou a evitar o ganho excessivo de peso, além de conter a ansiedade e manter a calma.

“Comecei a fazer atividade física desde o início da gravidez, mas já fazia academia desde os 19 anos. Nos três primeiros meses de gestação, tive mais cuidado e fazia exercícios mais leves, como caminhada ao ar livre, esteira e bicicleta”, explicou.

Depois, Maite contratou uma personal trainer para ter um acompanhamento melhor. “Ela passava os exercícios mais indicados, mas podia fazer quase tudo na academia. E foi muito bom fazer atividade física durante a gravidez, porque não engordei muito, me mantive saudável, ajudou em termos psicológicos por conta daquela ansiedade da gestação para arrumar as coisas do bebê, para ver meu filho, para lidar com as mudanças do meu corpo. Acredito que ajudou até na saúde do meu filho”, comemorou a administradora.


Fotos: Arquivo Pessoal

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