Ganho de peso na gravidez pode causar incontinência urinária, aponta pesquisa
Variação do peso está associada ao problema que continua no pós-parto; durante gestação, ribeirãopretanas chegam a ganhar 35kg
Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (FMRP) e da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) publicaram um estudo que liga a incontinência urinária no período de gravidez ao ganho de peso.
Os pesquisadores acompanharam mais de 7 mil mulheres para realizar o seu estudo. E o resultado obtido foi que, entre os fatores de risco para o desenvolvimento da incontinência, destacou-se o ganho de peso na gravidez, além da diabetes, prolapso genital e uso de cigarro. Os resultados vieram da análise do Banco de Dados do projeto BRISA (Coorte Brasileira de Nascimentos de Ribeirão Preto e São Luís), que vem acompanhando mulheres em Ribeirão Preto e São Luís (MA).
De acordo com o médico Luiz Gustavo Oliveira Brito, professor do curso de pós-graduação em ginecologia e obstetrícia da FMRP, além das informações obtidas durante os atendimentos durante o período de gravidez, as mães foram entrevistadas entre um e dois anos depois do parto. Foi perguntado às mães se elas haviam percebido alguma alteração no hábito de urinar antes do parto e qual teria sido.
O médico espera que essas informações contribuam na “prevenção primária ou para o não agravamento da incontinência nessas mulheres”. Lembra ainda a importância de uma equipe multiprofissional nas Unidades Básica de Saúde (UBDS), com destaque para um nutricionista e um fisioterapeuta.
Gestantes ribeirãopretanas sofrem mais que as de São Luís
Comparado a São Luís, Ribeirão Preto apresentou mais casos de incontinência. A média de ganho de peso também foi maior, com 12,8 kg, enquanto São Luís foi de apenas 11,2 kg. É considerado adequado o aumento entre 8 e 15 kg em mulheres com índice de massa corporal (IMC) abaixo de 30, mas em Ribeirão Preto a variação foi superior, com mulheres chegando a 35 kg.
Os dados mostram ainda que na cidade paulista as taxas de diabetes e tabagismo na gravidez e no período pré-gestacional são altas.
Em Ribeirão Preto, por exemplo, 15% das mulheres são fumantes e em São Luis, apenas 10%. Brito lembra que todos esses fatores oferecem risco para a ocorrência de incontinência urinária.
Futuro da pesquisa
Como resultado do estudo, já está em andamento um projeto em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) que pretende introduzir fisioterapeutas nas UBDS. O objetivo é a prevenção primária das gestantes, com ações educativas e treinamentos para o parto. E, também, associar com a Nutrição e Enfermagem um programa de controle de peso.
Os resultados dessa pesquisa são parte da tese de doutorado; Incontinência urinária no pós-parto em mulheres de Ribeirão Preto e São Luís: um estudo transversal da coorte BRISA, apresentada ao Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da FMRP pelo médico Pedro Sérgio Magnani, com orientação do professor Brito. O doutorado de Magnani ficou com o terceiro lugar na premiação de Melhores Trabalhos de Obstetrícia do XXI Congresso Paulista de Ginecologia e Obstetrícia, realizado em agosto de 2016 em São Paulo-SP.
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