HC e Prefeitura concedem coletiva sobre suspeita de coronavírus em Ribeirão Preto

HC e Prefeitura concedem coletiva sobre suspeita de coronavírus em Ribeirão Preto

"Não é necessário andar na rua de máscara", explica professor de infectologia da USP

Na tarde desta quinta-feira, 27, o Hospital das Clínicas e a Prefeitura de Ribeirão Preto concederam entrevistas coletivas para tratar do primeiro caso suspeito de coronavírus na cidade.

O paciente é um homem de 42 anos, que passou 30 dias na Itália e retornou de viagem no último dia 22 de fevereiro, em um voo que saiu de Milão com destino a Guarulhos.

Segundo a Diretora do Departamento de Vigilância em Saúde e Planejamento, Luzia Márcia Romanholi Passos, o paciente permaneceu em casa durante o Carnaval e teve contato com apenas cinco pessoas, todas da família.

"Ele chegou assintomático [sem sintomas] ao hospital. Disse que havia chegado da Itália e perguntou se era necessário fazer alguma coisa. Os sintomas foram se manifestar somente na tarde de ontem", explicou Luzia.

O paciente foi atendido em um hospital particular e orientado a permanecer em casa. As cinco pessoas da família também estão sob observação. Segundo informações, a casa do paciente fornece condições para que ele fique isolado dos demais familiares.

Os exames foram encaminhados para o Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, e o resultado será divulgado nos próximos dias. O Ministério da Saúde também foi notificado e deverá incluir a suspeita no próximo boletim, que será emitido na sexta-feira, 28.

“A nossa Vigilância Epidemiológica foi notificada na noite de ontem. Hoje pela manhã, todas as medidas de acompanhamento, dentro do protocolo, foram realizadas”, comentou o prefeito Duarte Nogueira (PSDB).

O chefe do Executivo também lembrou que desde o dia 30 de janeiro a Prefeitura discute planos de contingência para a possível chegada do vírus na cidade. Inclusive, o município já dispõe de um protocolo, em acordo com as diretrizes internacionais.

Os sintomas iniciais são febre, tosse e dor de garganta. Eles podem evoluir para falta de ar e, em casos mais graves, pneumonia. "Mas tem que haver um nexo causal. Não basta só ter esses sintomas, tem que ter vindo de algum dos epicentros da doença", disse Nogueira. 

Até o momento, a Itália registrou 528 casos de corona, sendo o terceiro país com mais ocorrências. Em primeiro está a China, com 78 mil e a Coréia do Sul, com 1,7 mil. No país europeu, a região mais afetada é o norte, na região da Lombardia, que tem Milão como capital.

Secretário de Saúde, Sandro Scarpelini, e o professor Benedito Antônio Lopes da Fonseca

Hospital das Clínicas

O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (HCRP) foi classificado como uma das seis unidades referência no Estado de São Paulo para o tratamento de casos graves do coronavírus.

Com isso, todos os casos graves de pessoas infectadas com o coronavírus serão enviados para o Centro de Terapia Intensiva do Hospital. Nos casos em que a pessoa foi atendida em unidades particulares, deverá continuar o tratamento no local.

O professor de infectologia da Universidade de São Paulo (USP) , Benedito Antônio Lopes da Fonseca, explicou que serão direcionados para o HC, apenas os casos em que o paciente possuir os sintomas graves, como a pneumonia.

Tanto o professor, quanto o secretário municipal de Saúde, ponderaram que a taxa de mortalidade do vírus é baixa, de cerca de 2,2%. Até a tarde desta quinta-feira, 27, das cerca de 82 mil pessoas infectadas em todo o mundo, 2,8 mil vieram a óbito. Desse total, 33 mil já estão totalmente curadas, segundo dados da universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos.

"Vale lembrar, que a Influenza (H1N1) mata muito mais do que o Corona", acrescentou Scarpelini.

Máscaras

Fonseca acrescentou que há uma "histeria coletiva", sem motivo, para o uso de máscaras cirúrgicas em espaços públicos.Quando uma pessoa espirra ela expele gotículas a uma distância de até dois metros. Essas gotículas são bloqueadas pelas máscaras. Contudo, também é expelido no espirro o chamado “aerosol”, que são partículas microscópicas que ficam suspensas no ar. Essas, não são filtradas pelas máscaras comuns.

“Vai depender da distância que eu estou do paciente, se eu sou profissional de saúde ou não. Há uma série de situações que a gente precisa levar em consideração para indicar o uso da máscara. Agora, o uso generalizado de máscara, ficar andando com ela na rua, é uma besteira”, explicou.

O ideal, segundo o Fonseca, é seguir a “etiqueta respiratória”. Ao espirrar, não utilizar as mãos para parar o espirro, mas o braço ou a manga da camisa. E é recomendo realizar a higienização das mãos corretamente, até a altura dos cotovelos.

“Com álcool gel ou água e sabão. Porque esse vírus tem uma partícula protetora que é gordurosa. Então, qualquer detergente quebra esse vírus”, disse o especialista. O vírus ainda permanece por algumas horas em objetos atingidos por gotículas ou pelo aerosol, por isso, é necessário sempre higienizar as mãos, mesmo quando não há contato direto com infectados. 


Fotos: Paulo Apolinário

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