Herpes-zoster: retorno doloroso

Herpes-zoster: retorno doloroso

Muitos anos após a infecção, vírus que causa a catapora pode ser reativado e causar uma doença chamada herpes-zóster, que provoca dores intensas no paciente

Uma doença comum de se manifestar na infância pode provocar dores intensas muitos anos depois. Caracterizada por bolhas na pele que aparecem em todo o corpo e causam muita coceira, a catapora é altamente contagiosa e é causada pelo vírus Varicela-Zóster. Geralmente, as crianças são as mais infectadas.

 

Após a contaminação, o paciente fica imune à enfermidade. No entanto, conforme alerta do Ministério da Saúde, esse vírus permanece por toda a vida no corpo de quem teve catapora e pode ser reativado, causando outra doença: a herpes-zóster, também conhecida como cobreiro. A docente do curso de Medicina do Centro Universitário Barão de Mauá e infectologista Karen Morejón explica que quem desenvolveu a catapora mantém o vírus incubado nos nervos e, em algum momento que a imunidade apresenta uma baixa, a doença pode retornar, mas na forma de herpes-zóster.

 

“São lesões cutâneas bolhosas que acompanham o trajeto do nervo. Pode acometer face, tronco, região lombar, pernas ou braços”, detalha. Ela surge de forma gradual e costuma levar de dois a quatro dias para se estabelecer. Essas pequenas bolhas se dissecam. Em seguida, formam-se crostas e o quadro evolui para a cura em torno de quatro semanas.

 


Segundo a infectologista, os grupos mais acometidos são idosos ou pacientes que possuem alguma imunodeficiência, como, por exemplo, HIV, além de pacientes em quimioterapia ou radioterapia, ou mesmo pessoas passando por algum estresse intenso. “Mas existem relatos de herpes-zóster em faixas etárias mais jovens, em pacientes adolescentes, adultos jovens e até em crianças pode acontecer”, avisa. A médica informa que muitos pacientes com a doença têm uma sensação de dor que pode ser intensa e confundida com outras enfermidades no trajeto do nervo. E a dor pode vir primeiro, sem as lesões cutâneas.

 

“O paciente pode ter apenas a dor naquele local e, muitas vezes, ele procura atendimento médico e acaba confundindo o profissional, porque ainda não tem lesões. Elas aparecem só depois”, destaca. Karen conta que o tratamento é feito com antiviral e analgésicos para dor, mas a grande complicação da herpes-zóster é a neuralgia pós-herpética. “É quando o paciente continua sentindo dor mesmo após o final do tratamento, ou seja, após as bolhas terem desaparecido”, comenta.

 


De acordo com o infectologista do Hapvida NotreDame Intermédica, Claudio Penido Campos Junior, cerca de 5 a 10% dos pacientes podem desenvolver a neuralgia pós-herpética. “É uma espécie de dor crônica que fica após a infecção aguda pelo vírus e é bem difícil de ser tratada. Precisa de seguimento com as equipes de dor crônica”, completa. Além disso, o médico orienta que a herpes-zóster é contagiosa.

 

“Enquanto as bolhas estão presentes na pele, com conteúdo líquido dentro, a doença é transmissível. Então, é preciso tomar cuidado em relação ao contato com as feridas e às pessoas infectadas”, adverte. Apesar de ser uma doença causada por um vírus que fica por anos incubado, o infectologista esclarece que tem como se prevenir: através da vacinação.

 

“Hoje em dia, existem duas vacinas. A mais antiga é feita a partir de vírus vivo atenuado, que pacientes imunodeprimidos não podem usar, e tem um imunizante mais novo, recombinante, que é indicado para faixas etárias mais inferiores e para pessoas que têm alguma comorbidade que leve ao risco de infecção – pacientes acima de 50 anos ou que apresentem mais riscos de desenvolver a doença em qualquer faixa etária”, ressalta. 

 

Quem pode desenvolver herpes-zóster?
www.herpeszosterbr.com.br

 

• A incidência da enfermidade aumenta com a idade, particularmente em adultos com 50 anos ou mais;

 

• Qualquer pessoa que já tenha tido catapora está em risco de desenvolver a doença;

 

• Indivíduos que possuem sistema imunológico enfraquecido estão em maior risco de ter herpes-zóster e são mais propensos a desenvolver um caso mais grave da doença.

 

 

Sintomas

 

• Os primeiros sinais podem ser a aparição de erupções cutâneas atrelada à sensação de formigamento, dor em uma área da pele, dor de cabeça ou mal-estar geral;

 

• Pode causar fisgadas e sensação de dor aguda proporcional a de um choque;

 

• Pode levar até quatro semanas para as erupções sumirem. Alguns pacientes sofrem de dor prolongada ou outras complicações

 

 


Foto: Freepik - Imagem ilustrativa

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