Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto inova com tratamento ligado aos animais
O cão Dante fez a primeira visita aos pacientes da UTI do HC no projeto inédito "Cão Carinho"

Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto inova com tratamento ligado aos animais

Um cão foi utilizado para animar pacientes da Unidade de Terapia Intensiva no projeto "Cão Carinho"

O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) aproximou pacientes e animais em tratamento diferenciado em Ribeirão Preto. Com atividade supervisionada, o cão Dante animou os pacientes da Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

A atividade foi realizada no mês de julho. O projeto "Cão Carinho" foi idealizado pela professora Maria Auxiliadora Martins, que é especialista em Medicina Intensiva pela AMIB. Ao conhecer e ter contato com a ideia enquanto estudava o pós-doutorado na Mayo Clinic, em Rochester, no estado do Minnesota, nos Estados Unidos, ela teve a ideia de trazer ao Brasil.

“Eu passei um ano nos Estados Unidos e lá tem esse programa de interação entre animais e pacientes internados. É comum essa prática na Mayo Clinic, que recebe pacientes de todo planeta. Eles usam a técnica que é chamada de reforço positivo. O cão entra, faz as atividades de interação e ganha um petisco por participar”, conta a médica.

Maria diz que percebeu que os cães seriam um diferencial no cuidado com as pessoas. “Existem trabalhos na literatura que provam isso e mostram que após a visita canina, os pacientes melhoram o estresse, diminuem a ansiedade e por aí vai. Tem um fundamento cientifico. Foi possível pelo empenho de todos e por se tratar de um cão adestrado”.

Para participar, além de treinado, o animal tem de ser vacinado, ter uma avaliação do veterinário e tem de estar limpo. É importante que a adestradora e se possível a tutora estejam presentes.

“O que estamos fazendo é a atividade assistida que não tem fins terapêuticos específicos. O que acontece é que o cão vai criar um bem-estar ao paciente. É um projeto muito sério que pretendemos continuar com outros animais, inclusive. Essa primeira vez foi inovadora e importante. Vamos apresentar esse trabalho no Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva, em Fortaleza, em Novembro, pois é algo que precisa ser realizado em outros centros”, fala Maria.

Trabalho em conjunto

Dante, da raça Golden retriever, foi o escolhido para a primeira experiência Toda atividade foi possível, pois a médica contou com a ajuda de Ana Alice Vercesi Gallo, adestradora voluntária do projeto e fundadora da instituição Cão Vivência. Ela facilitou o processo ao deixar o cachorro escolhido “Dante” pronto para os desafios.

“Podem participar de um projeto como esse cães que amem interagir com pessoas. Temos que nos lembrar sempre de que o trabalho voluntário é do cão, portanto, ele precisa realizar essa interação de forma relaxada, saudável e prazerosa. Nossa grande preocupação é fazer a ambientação aos poucos para que eles não se sintam com medo ou desconfortáveis no processo. Além disso, o ideal é que o animal saiba realizar comportamentos como andar na guia, sentar e que tenha uma boa comunicação e conexão com quem o está guiando”, conta Ana.

Para o caso no HC, ela afirma que o ideal é que, além de adestrado, o cão seja bem socializado -ou seja, estejam familiarizados com locais cheios, outros animais, barulhos de equipamentos variados, goste de ser tocado, entre outros itens. Mas é fundamental que, além de socializado, ele goste dessa interação, e isso é uma característica que varia de cão para cão. 

“O Dante já tinha sido previamente adestrado e, mesmo assim, passou por toda essa ambientação antes de efetivamente fazer sua primeira visita”, explica a adestradora.

Amor ao próximo

Os tutores do Dante estão entre os responsáveis pela criação comportamental do animal. A simpatia do cachorro foi um diferencial na escolha. Ao receberem o convite, Clarissa di Primio e Cristiano Pozzer aceitaram de imediato.

“O Dante treina com a Ana Alice desde que tinha três meses. Hoje ele está com 2 anos e 11 meses. Como também sou médica, a Ana logo soube que eu iria adorar ele no projeto. Saber sobre o bem que ele faz aos pacientes nos deixa felizes e orgulhosos. Ele é muito especial”, diz Clarissa.

Ela conta que o animal também interage de maneira positiva com a filha do casal de 1 ano e 8 meses. “Eles parecem irmãos e tudo isso nos leva a pensar que o projeto é algo fantástico. É importante que haja tal interação. Acredito realmente que um cão dentro do hospital pode trazer muitos benefícios aos pacientes. Ele alegrou a todos”, conclui a mulher.


Foto: Divulgação - Hospital das Clínicas e Cão Vivência

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