Índice de hanseníase em Ribeirão Preto é três vezes maior que o do Estado

Índice de hanseníase em Ribeirão Preto é três vezes maior que o do Estado

Taxa também é mais alta do que a nacional; No município há 1,65 caso para cada 10 mil habitantes

A prevalência da hanseníase em Ribeirão Preto chega a 1,65 caso para cada 10 mil habitantes, taxa três vezes maior do que a Estadual, que é de 0,5 caso para cada 10 mil habitantes.. O número de Ribeirão Preto também supera o índice nacional, de 1,42 caso para 10 mil. Enquanto isso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza 1 caso para cada 10 mil habitantes para considerar a doença sob controle.  

De acordo com a médica sanitarista da Secretaria Municipal de Saúde, Josely Mendonça P. Pintya, Ribeirão Preto apresenta este alto índice de hanseníase por vários fatores, e entre eles são: coeficientes altos de prevalência e de detecção de casos da doença e ocorrência em crianças.

Em 2013 houve 83 casos novos na cidade e 53 em 2014, o que é mais que o dobro da média em relação a 2010 - de 28 - e 2011, com 31.

Hanseníase

A doença com característica crônica e infecciosa que atinge principalmente a pele e os nervos, e é causada por uma bactéria, chamada Mycobacterium leprae, descoberta em 1873.

O médico Marco Andrey Cipriani Frade, presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia, relata que a doença é mais frequente na faixa etária de 20 a 40 anos, ou seja, na fase mais produtiva do indivíduo frente a uma doença incapacitante como hanseníase.

Partilhando do mesmo pensamento do médico, Josely afirma que além da idade frequente, os maiores números de casos são adultos acima de 15 anos. “Atrás de uma criança possivelmente existem adultos mantendo a transmissão na coletividade”, afirmou.

Sintomas

Os sintomas são alterações na pele, como a percepção de manchas esbranquiçadas, incolores ou avermelhadas, além de nódulos. E a enfermidade também provoca perda de sensibilidade, uma vez que atinge os nervos condutores das sensações., como sentir a diferença entre frio e quente.

A doença tem um período longo para se desenvolver que leva em torno de cinco a dez anos de incubação e suas manifestações.

Tratamento

Ainda de acordo com Josely, quando mais precoce a descoberta da doença, melhor, pois, se tratada nos estágios iniciais, não deixa sequelas.

O tratamento de feridas em pacientes com hanseníase é feito por meio de combinações de antibióticos específicos padronizados para o próprio tratamento da doença, que é disponibilizado pela Rede Pública de Saúde.

O que determina a duração é o estágio e forma da enfermidade, que  pode durar de seis a nove meses, ou um ano a um ano e meio.

Prevenção

Frade relata que não existe uma fórmula mágica de prevenção além da natureza, que já protege 90% da população. Mas, acrescenta que é fundamental a busca ativa em crianças. “O caso novo em menores de 15 anos nos obriga a avaliar a família toda na busca de um contato bacilífero em casa, pois o convívio do doente em casas com alta densidade demográfica, ou seja, muitas pessoas dividindo poucos cômodos, aumenta risco de transmissão”, disse.

Campanha

Em Ribeirão Preto, está em ação a campanha para diagnosticar precocemente a hanseníase em crianças. Em seleção definida por critérios de município, o distrito Bonfim Paulista foi escolhido neste ano. Em campanha iniciada em agosto, pela Secretaria Municipal da Saúde, foram identificados 32 casos suspeitos nas crianças, por meio de busca ativa na campanha.

Porém, Josely comenta que mesmo com a prevenção em Bonfim Paulista, o município de Ribeirão Preto não irá ficar sem o controle de diagnósticos. “Em outubro deste ano a busca de casos novos será na população total da cidade. Já que o número de casos novos de hanseníase cresceu 89,2% de 2010 para 2014”, ressalta.

Revide Online
Laura Scarpelini
Fotos: Arquivo Revide

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