Levantamento mostra crescimento de 18% nos partos por cesarianas em RP
Segundo o Ministério de Saúde o maior número de cesáreas agendadas também coincide com o aumento de bebês prematuros.

Levantamento mostra crescimento de 18% nos partos por cesarianas em RP

Dados são dos últimos dez anos; parto normal e cesárea têm benefícios e riscos que variam de acordo com o estado clínico da paciente

Em Ribeirão Preto, as grávidas preferem as cesárianas, em detrimento dos partos normais. A comprovação está em dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS) que mostra o crescimentos de quase 18% no número de cesárias realizadas no município nos últimos dez anos.

Além de ser um fato crítico à saúde, quando não tem indicação médica, a cesárea é usada como recurso para salvar vidas em situações de emergência ou marcadas com antecedência, porém aumenta em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios para o recém-nascido e triplica o risco de morte da mãe.

Segundo o Ministério de Saúde o maior número de cesáreas agendadas também coincide com o aumento de bebês prematuros, já que a idade gestacional não pode ser calculada com exatidão. Isso faz com que nascimentos ocorram muito antes do recomendado, algo associado a problemas respiratórios no bebê.

Geralmente, os médicos optam por este parto pela conveniência, pois alguns têm duração de apenas 20 minutos, diferente do normal que leva média de 12 horas e acontece sem hora marcada.

Segundo o ginecologista e obstetra, Jorge Ricardo Kunzle, diretor técnico da Maternidade Sinhá Junqueira, toda mulher contém bactérias benéficas para o bebê em sua flora vaginal, e ao chegar ao mundo por cesariana, os recém-nascidos não têm contato com esses microrganismos e podem ter o sistema imunológico menos preparado para evitar doenças e alergias. “Essa defesa contra possíveis doenças é reforçada com o leite materno”, afirma.

Já em relação ao número de partos por cesarianas sem indicação clínica, o ginecologista diz que o certo é a gestante entrar em um acordo com o médico para ter uma boa hora no parto. “Tanto a instituição de saúde, como também a parturiente e o médico devem ter o mesmo entendimento e estarem em sintonia”, comenta.

Indicação

De acordo com o diretor clínico da Maternidade Sinhá Junqueira e ginecologista e obstetra, Luiz Alberto Ferriani, o parto vaginal, conhecido como normal, é o mais indicado as gestantes e só não ocorre quando existe risco para a mãe ou para o recém-nascido.

No caso da psicóloga Vanessa Contin Badran, 40 anos, a escolha por cesária tem motivo: ela estava grávida de gêmeos e fez a opção respeitando a opinião do médico. “Como psicóloga oriento o parto normal, como mulher faço cesárea. A mãe tem direito de decidir como ter seus filhos, mas é claro que a indicação do médico tem que ser avaliada, afinal, eles sabem o que é melhor”, conta.

Parto Humanizado

Conhecido por colocar a gestante como protagonista do processo, o parto humanizado é visto como um procedimento fisiológico e biológico. “Nesse modelo de atendimento visamos o respeito ao recém-nascido, proporcionando uma transição da vida intra-uterina para extra-uterina suave, deixando o bebê em contato constante e irrestrito com a mãe”, explica a  ginecologista e ativista da humanização de parto, Flávia Maciel de Aguiar Mendonça.

No procedimento não há riscos além dos habituais de qualquer parto, sendo que na maioria das vezes os problemas são menores que o de uma cesariana que, realizada sem indicação, a aplicação da ocitocina na veia pode causar excesso de contrações uterinas.

Para a ginecologista são inúmeros os benefícios de um parto humanizado, tanto para a mãe quanto para o bebê. “A vitalidade do bebê é melhor, como também a recuperação da mãe e o procedimento está sujeito a menores riscos de complicações. Além disso, o parto assistido proporciona uma experiência de vida transformadora para toda a família”, destaca a médica.

Pelo fato de ser natural, a cantora Maria Butcher fez a escolha pelo parto humanizado. No quinto mês gestacional, com os hormônios elevados e as mudanças da vida, ela quis entender o que era o parto natural e quais eram os recursos.

Após os esclarecimentos sobre o parto desejado quis dar o melhor para o filho Théo. Mas, o procedimento não foi fácil.  Com 28 semanas de gravidez ela teve que procurar por um médico que a apoiasse a fazer o parto humanizado e uma doula para acompanhamento de massagens, aconselhamentos e amamentação. ”Nossos instintos existem e quando aflorados fazem com nos sintamos fortes e capazes. O nascimento de um bebê é uma obra de arte da natureza, e eu a deixei agir,” conta Maria.


Foto: André Borges e Paulo Ferreira

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