Mães de Ribeirão reclamam sobre falta de leite em pó em farmácia da rede estadual
Sem a distribuição gratuita, a refeição para bebês custa em média R$ 250

Mães de Ribeirão reclamam sobre falta de leite em pó em farmácia da rede estadual

Famílias dizem que constantemente sofrem com a falta de latas de leite destinadas às crianças alérgicas

Em Ribeirão Preto, algumas famílias têm sofrido com a falta de leite na farmácia de Medicamentos Especializados ligada ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP Ribeirão.

Mães de bebês alérgicos ou intolerantes a lactose, elas são beneficiadas com a doação do governo. Quando há falta, a compra do produto é quase inviável, segundo as mães, pois cada lata dura cerca de dois dias e tem o valor médio de R$ 250.

Segundo depoimentos, o nutriente é essencial, pois as crianças precisam fazer a reposição de vitaminas. As latas são disponibilizadas gratuitamente, mas apenas para famílias que passaram em um processo junto a um nutricionista e pediatra especializados que vão detectar a alergia na criança.

Leite foi reposto na farmácia Na farmácia de alto custo, todas as mães possuem um protocolo com a data da entrega do leite. Entretanto, uma mãe ficou 22 dias sem conseguir o alimento. Segundo ela, os funcionários da farmácia alegavam a falta do produto e que não havia previsão de entrega.

“Após denunciarmos, o leite chegou ao hospital. Meu filho é extremamente alérgico a proteína do leite de vaca. Antes de iniciarmos a introdução do Neocate, vários testes foram feitos e não deram certo. Meu filho gritava dia e noite de dor. Com cólica e distensão abdominal. O leite como muitas outras coisas são sim um direito que temos. Pagamos muitos impostos”, diz Michelle Neves Dias, de 34 anos, mãe do pequeno Leonardo, de cinco meses.

No caso do Leonardo, o Neocate é o único alimento que ele consome. Mas o custo da compra da lata de 400 gramas é caro para os pais. “Não tenho condições de comprar. Eu cheguei a fazer uma publicação nas redes sociais denunciando o fato para, assim, medidas cabíveis serem tomadas. Eu precisei pedir doações com essa falta do leite. Me sinto indignada e frustrada. O sentimento foi de abandono”.

Da mesma maneira, Mariza Porto, de 33 anos, mãe de um menino de quatro meses confirmou o fato. “Houve essa falta sim e ficamos quase um mês na espera, agora esperamos que para o próximo mês, o mesmo não aconteça. Isso nos afeta muito, pois é um produto que não tem nada para substituí-lo”, fala a mulher.

Depoimento da especialista

Segundo a pediatra Gizele Ferreira Cunha, a falta no fornecimento ocorre devido a problemas de compra pelos órgãos públicos e o valor das latas de fórmulas especiais é elevado. Ela conta que pacientes com alergia ao leite de vaca, quando em aleitamento artificial (fórmulas infantis por impossibilidade de amamentar na mãe), fazem uso de fórmulas que não possuem a proteína intacta do leite, que causa a alergia. Existem algumas fórmulas específicas para o tratamento da criança e sua escolha depende da gravidade dos seus sintomas.

“As crianças com até dois anos de vida tem no leite a sua forma principal de alimentação. Para crianças com alergia a este alimento, o tratamento se faz com a exclusão do mesmo e derivados, além de substituição dele por um sem a proteína intacta. Por isso, a falta da fórmula especial para o tratamento faz diferença na vida da criança. O leite é importante e até os seis meses é a única forma de alimentar de uma criança, por isso a sua importância”, conclui Gizele.

Outro lado

O Portal Revide procurou a Prefeitura e a assessoria de imprensa do HC, que informaram que o fato é de responsabilidade do Governo Estadual. Questionada, a Secretaria de Estado da Saúde esclareceu que a fórmula especial Neocate não faz parte da lista de produtos do SUS, definida pelo Ministério da Saúde e válida para todo o Brasil. No entanto, o Estado de São Paulo fornece as fórmulas por iniciativa própria.

Eles afirmam que a região de Ribeirão Preto está abastecida com a fórmula especial e disponível para fornecimento. Cabe esclarecer que a entrega é feita para os casos que estiverem em conformidade protocolo para recebimento da fórmula e com as solicitações devidamente atualizadas.

 


Foto: Divulgação

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