Médicos alertam para os perigos do câncer de cabeça e pescoço

Médicos alertam para os perigos do câncer de cabeça e pescoço

Mês de julho é considerado o "Julho Verde", um período de conscientização e combate ao câncer de cabeça e pescoço

A campanha "Julho Verde" alerta para a conscientização e combate ao câncer de cabeça e pescoço por meio de ações de prevenção e conscientização sobre a doença. A edição de 2020 estimula o autocuidado na prevenção do câncer de cabeça e pescoço, com o lema “Seu Corpo é sua vida. Não o destrua!”, trazendo o protagonismo a cada indivíduo sobre os fatores de risco.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de laringe acomete principalmente homens acima de 40 anos, sendo um dos cânceres mais comuns na região da cabeça e do pescoço. Já o câncer de tireoide afeta três vezes mais as mulheres do que os homens. Segundo o Inca, em 2020 serão contabilizados 13.780 novos casos de câncer na tireoide, sendo que 11.950 são em mulheres e 1.830 em homens. Para sucesso no tratamento de tumores na região da cabeça e do pescoço é necessário diagnóstico precoce da doença. 

Em Ribeirão Preto, o Hospital das Clínicas também tem dado suporte à campanha. Segundo a médica Lilian Ricz, coordenadora da Campanha no HC, voz rouca por mais de 15 dias, aftas que duram por mais de uma semana, dificuldade para engolir ou caroços na boca e pescoço podem ser sinais de um câncer.  "Venha. Tenha coragem e participe. Assim, nós conseguimos avaliar, diagnosticar, tratar e promover a cura do câncer precocemente", aconselhou a média.

Os tumores de cabeça e pescoço são o terceiro em incidência entre os homens brasileiros e devem representar 7,9% dos novos casos estimados pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) neste ano. Segundo o presidente da Sociedade de Cirurgia de Cabeça e Pescoço. (SBCCP), Antonio José Gonçalves, a doença deve atingir de 35 a 40 mil pessoas em 2020.

“Dentre as principais localizações, nas mulheres o câncer de tireoide deve registrar 12 mil novos casos. Entre os homens, serão 11 mil novos casos de câncer de boca e aproximadamente 6,5 mil novos casos de tumores na laringe. Além disso, esse tipo de tumor acomete a pele da face e do pescoço, a faringe, as glândulas salivares, os seios paranasais e outras localizações, em que a repercussão no paciente é extremamente importante”, esclarece Gonçalves.

“O tratamento mexe com a estética facial, com a deglutição e alimentação, com a fala e a voz. Daí a importância do diagnóstico precoce, para preservar esses órgãos e propor ratamentos mais adequados”, acrescenta o cirurgião.

Nessa segunda, 27 foi comemorado o Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço.

Exposição ao sol

Quando falamos dos tumores de cabeça e pescoço, devemos falar do câncer de pele melanoma e não melanoma - esse, o mais comum na população brasileira. A exposição indevida ao sol, especialmente na infância e adolescência, é o principal fator de risco para esses tumores. O câncer de pele acomete na região da cabeça e pescoço surge nos,lábios, nariz, na parte inferior da pálpebra e no couro cabeludo.

Tratamento

O tratamento para câncer de cabeça e pescoço é multidisciplinar e envolve diversos profissionais de Saúde. As opções dependem da localização do tumor primário, idade do paciente, presença de comorbidades e incluem intervenções cirúrgicas, sessões de radio e quimioterapia, além da utilização de medicamentos imunoterápicos em alguns casos. Na maior parte das situações, a doença gera sequelas físicas, estéticas, psicológicas e funcionais irreversíveis, que prejudicam a qualidade de vida do paciente.

Tumor orofaríngeo

O tumor orofaríngeo – localizado atrás da boca e que inclui a base da língua, céu da boca, amígdalas e paredes laterais – acomete cerca de 15 mil pessoas por ano no Brasil, segundo dados recentes do Instituto Nacional do Câncer (Inca). 

“Os primeiros sinais do tumor orofaríngeo podem aparecer por meio de feridas que não cicatrizam na boca nos primeiros 15 dias, além do aparecimento de nódulos no pescoço. O paciente pode se queixar também de dor para mastigar ou engolir”, diz Cristiane Mendes, oncologista do InORP Oncoclínicas.

O número de casos relacionados à infecção pelo vírus papiloma (HPV) vem aumentando em homens e mulheres, e a sua transmissão ocorre por meio da prática sexual sem proteção, em especial por intermédio do sexo oral.

Fatores que aumentam risco de incidência

Tabagismo: Segundo a oncologista do InORP Oncoclínicas Cristiane Mendes, o câncer de cabeça e pescoço apresenta maior incidência entre os jovens e pouco mais de um terço é causado por maus hábitos. "O principal e o mais importante de ser combatido é o tabagismo", revela.

Álcool: "O álcool pode agir como um solvente e facilitar a penetração de carcinógenos nos tecidos-alvo. Além disso, aumenta o índice de quebras no material genético e a peroxidação de lipídios e, consequentemente, a produção de radicais livres. Vários estudos epidemiológicos demonstram que o consumo combinado de álcool e fumo constitui o principal fator de risco para o desenvolvimento de câncer de cabeça e pescoço", explica Cristiane.

 

Infecções Virais: A geração de jovens e adultos com menos de 40 anos preza e valoriza muito a liberdade sexual. Trata-se de um grupo que nasceu após o "boom" do HIV e, apesar de bem informada e consciente dos riscos envolvendo doenças sexualmente transmissíveis, apresenta índices elevados de contágio pelo chamado papilomavírus humano – conhecido como HPV.

 

"Além disso, a hepatite B e C também são fatores de risco para câncer de cabeça e pescoço, são infecções virais que podem ser transmitidas em relações sexuais não seguras. Vale lembrar sempre da importância do uso de preservativos para a preservação da saúde", finaliza a oncologista do InORP Oncoclínicas.


Foto: Associação Câncer Boca e Garganta

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