Médicos detalham 2ª cirurgia de separação das gêmeas siamesas no HC de  Ribeirão
Mariah e Alana estão se recuperando na UTI do HC Criança

Médicos detalham 2ª cirurgia de separação das gêmeas siamesas no HC de Ribeirão

Segundo procedimento foi realizado neste sábado, 19; mais duas cirurgias estão programadas para o primeiro semestre de 2023

No último sábado, 19, profissionais do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HC-FMRP) realizaram a segunda cirurgia para separação das gêmeas siamesas, Alana e Mariah, que nasceram unidas pela cabeça. Na manhã desta segunda-feira, 21, os profissionais concederam uma coletiva de imprensa para detalhar a cirurgia. 

 

A primeira operação das irmãs foi realizada no dia 6 de agosto deste ano, com a separação de um quarto dos crânios. Já nessa segunda etapa, houve a divisão de 50%. “A única diferença entre as cirurgias é que nós progredimos nessa separação da circulação cerebral que faz partes das duas irmãs. Nós temos que separar e deixar metade para uma e metade para outra”, apontou o chefe do setor de Neurocirurgia Pediátrica do HC-FMRP, Hélio Rubens Machado.

 

Dr. Hélio Rubens Machado.

 

Para a separação completa das siamesas, estão previstas mais duas cirurgias que devem ocorrer ao longo do primeiro semestre de 2023.  De acordo com Machado, no geral, os intervalos entre as operações duram cerca de três meses, período que permite uma boa cicatrização. “Cérebros de crianças têm uma capacidade de regeneração especial que nós chamamos de neuroplasticidade. Permite que nós façamos cirurgias que nos adultos não seria possível”, explicou.

 

O procedimento foi planejado com exames clínicos, laboratoriais e de imagem de ressonância magnética e tomografia computadorizada, integrados a um sistema de realidade virtual, no qual os cirurgiões puderam visualizar com óculos especiais a anatomia dos crânios, dos cérebros e os vasos sanguíneos na cirurgia

No momento, as crianças estão se recuperando na UTI pediátrica do HC Criança. A coordenadora do Centro de Terapia Intensiva Pediátrico do Hospital, Ana Paula de Carvalho Panzeri Carlotti, contou sobre a recuperação das pacientes.

 

Segundo ela, as gêmeas não tiveram nenhuma intercorrência no pós-operatório, os sinais vitais estão normais, estão conversando, movimentando os quatro membros normalmente. “Aparentemente não há nenhum déficit neurológico relacionado ao procedimento cirúrgico. Estamos bem satisfeitos ao ver essa evolução que está indo muito bem”, destacou.

 

Primeiro caso

 

O primeiro e único caso como esse em Ribeirão Preto foi o das gêmeas cearenses Maria Ysabelle e Maria Ysadora. As irmãs, também unidas pela cabeça, foram operadas em 2018 pela equipe do HC, comandada pelo doutor Machado.

 

Para auxiliar no procedimento, Machado contou com a ajuda do neurocirurgião norte-americano James Goodrich, referência mundial no assunto, que faleceu em 2020, vítima do coronavírus. O médico estadunidense acompanhou as cirurgias das siamesas desde o planejamento. Segundo Machado, este foi o nono procedimento deste tipo que seu colega havia realizado.

 


Foto: Luan Porto

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