Mulheres são mais suscetíveis à lesão no joelho
Mulheres são mais suscetíveis a lesão no joelho

Mulheres são mais suscetíveis à lesão no joelho

Condições anatômicas e hormonais aumentam em três vezes o risco de lesões

Visto como a principal causa de cirurgias em atletas, a lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA), que ocorre nos joelhos, é mais comum de afetar mulheres que os homens. Os riscos de uma atleta sofrer com uma lesão desse tipo chega a ser três vezes maior que no sexo masculino, segundo o professor Fabricio Fogagnolo, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e especialista em cirurgia do joelho e trauma ortopédico. “Entre os esportes em que o LCA é mais frequente estão futebol, basquete, vôlei, handebol e lutas”, afirma o professor.

 

Para Bruno Luiz de Souza Bedo, educador físico e especialista em reabilitação e desempenho funcional pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, as mulheres são mais suscetíveis a essa lesão devido a características anatômicas, as diferenças na mecânica dos movimentos, no controle muscular e também nas condições hormonais. O educador físico destaca a estrutura óssea mais larga do quadril no corpo feminino como um fator dessa maior suscetibilidade em sofrer uma lesão do LCA. “Isso afeta o alinhamento dos joelhos e toda a musculatura do quadril e do próprio joelho, o que aumenta a carga imposta na articulação”, explica.

 

Além disso, Bedo aponta que a estrutura do joelho, onde se encontra o ligamento cruzado anterior, é menor no corpo feminino em comparação ao masculino, o que representa uma chance maior de lesão dessa estrutura. “O espaço intercondilar, conhecido como fossa intercondilar e onde fica o LCA, é classificado quanto ao formato cônico, circular e retangular. O que se vê nas lesões sugere que a largura da base da fossa e a largura do côndilo lateral, que é uma das duas projeções na extremidade inferior do fêmur, seriam fatores de risco importantes porque este espaço é menor nas mulheres em relação aos homens e, sendo mais estreito, limita a mobilidade de articulação durante os movimentos de torção, o que favorece o impacto entre o ligamento e a estrutura óssea ao redor do joelho, aumentando o estresse imposto no ligamento”, destaca o educador físico.

 

Em relação aos fatores hormonais, o ciclo menstrual ganha destaque. Os hormônios envolvidos nesse processo acabam afetando diversas estruturas do corpo feminino, não se limitando apenas ao aparelho reprodutor. O LCA também acaba afetado, principalmente durante o período pré-ovulatório. “Ou seja, a mulher, a atleta que está realizando uma prática esportiva tem o maior risco de se lesionar durante a primeira metade do ciclo menstrual”, ressalta Bedo. 

 

Outro ponto ressaltado pelo educador físico, é a menor resistência à fadiga muscular e ao desgaste da prática de esporte pelas mulheres em comparação aos homens. “As mulheres sofrem mais com a fadiga muscular e isso faz com que seja mais comum a existência do valgo, quando o joelho está desalinhado e voltado para dentro e se torna um dos principais mecanismos de lesão do ligamento cruzado anterior”.

 

Fogagnolo aponta que o ligamento é muito importante para a prática esportiva, mas que nos esportes que envolvem mudanças rápidas de direção, como futebol, handebol e basquete, os atletas estão mais aptos a sofrerem com uma lesão do LCA.  “A lesão acontece justamente com esses movimentos mais súbitos e a ocorrência se dá 70% no pé de apoio, quando o atleta vai fazer uma mudança rápida de direção. Mas o movimento mais comum, sem dúvida, é o desvio do joelho para dentro, quando os dois joelhos apontam um para o outro, combinado com o movimento de rotação da tíbia”, informa o professor Fogagnolo.

 

Sobre a recuperação desta lesão tanto em mulheres quanto nos homens o procedimento é praticamente o mesmo.“Nos esportes que envolvem mudanças rápidas de direção e que são extremamente competitivos, a recomendação é fazer um protocolo de fisioterapia bastante adequado, com treinamento de fortalecimento para um retorno mais seguro às atividades”, como destaca o professor. O período de recuperação de uma lesão no LCA é de, aproximadamente, oito a dez meses após a cirurgia, garante Fogagnolo.

 

Com informações do Jornal da USP Ribeirão Preto


Foto: Pixabay

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