Notícias falsas sobre vacinas disparam com início da imunização contra a Covid-19
Postagens falsas têm muito engajamento nas redes sociais

Notícias falsas sobre vacinas disparam com início da imunização contra a Covid-19

Acompanhamento é feito pela União Pró-Vacina da USP Ribeirão Preto

Com o andamento da vacinação contra a Covid-19, disparou a disseminação de notícias falsas, principalmente feitas em redes sociais, sobre a imunização. Em janeiro, mês em que foram aprovadas as vacinas no país, esse tipo de publicação mais do que dobrou, segundo levantamento do União Pró-Vacina, da USP Ribeirão.

Em dezembro de 2020, foram detectadas 111 publicações contendo fake news sobre os imunizantes contra a Covid-19. Já em janeiro desse ano, foram detectadas 257 publicações, totalizando 368 novas demandas de falsas informações com relação a esse assunto em apenas dois meses.

O período com mais publicações (39,7%) foi na segunda quinzena de janeiro, que coincide com a aprovação, pela Anvisa, das vacinas CoronaVac, do Instituto Butantan, e Covishield, da Universidade de Oxford, e com o início da vacinação contra a covid-19 no Brasil. Confira abaixo os temas que as postagens mencionam, em sua grande maioria.

O volume de interação dos participantes dos grupos com o conteúdo segue alto e preocupa. As 368 postagens de dezembro e janeiro obtiveram 3.942 reações, 1.313 comentários e 2.372 compartilhamentos.

A quantidade de posts por autor também chama a atenção: 126 autores foram responsáveis por todas as postagens, porém, apenas 16 deles responderam por quase metade das publicações (48,10%).

Para combater essa desinformação, a União Pró-Vacina (UPVacina) existe desde novembro de 2019 graças a parcerias com diferentes organizações de pesquisas da USP. Há monitoramento de grandes grupos anti-vacina no Facebook, como o “Lado obscuro das vacinas”, um dos maiores no Brasil, e o “Vacinas, o maior crime da humanidade”.

A União foi formada por conta da queda nos números de cobertura vacinal no país, não só nesse momento de imunização contra o novo coronavírus. Além do combate à fake news, o grupo produz materiais educativos e didáticos sobre a importância das vacinas, sobre doenças que já foram eliminadas por conta da imunização, além da interação com a população em relação às informações sobre as vacinas, sejam elas corretas ou não, e atuação com o serviço público.

O estudante da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP-USP) Wasim Aluísio Prates Syed, foi um dos fundadores e hoje é divulgador científico pela União Pró-Vacina e pelo Projeto Halo, da ONU. “A gente tem trabalhado em lançamentos de infográficos, livros e guias sobre fake news que contém a maioria das informações falsas que sempre circulam por aí, não só especificamente sobre as vacinas da Covid-19”.

Mentiras recicladas

Segundo ele, a maioria das fake news e conspirações anti-vacina que circulam hoje, já existiam. “A maioria delas são recicladas. A ideia de que as vacinas alteram o DNA e que causam autismo, por exemplo, não são coisas novas. A gente já combatia essas fake news, por isso temos o guia que qualquer um pode entrar gratuitamente”.

Wasim relata sobre o quanto as redes sociais se aproveitam dessa desinformação pois, infelizmente, há muito engajamento. “Até pouco tempo atrás, as redes sociais não faziam absolutamente nada com as falsas informações, o máximo era colocar uma etiqueta na publicação mostrando que continham informações falsas, mas ainda assim permitiam o acesso nessas publicações”. O Facebook excluiu o grupo “Vacinas o maior crime da humanidade”, porém o maior deles, ainda continua ativo.

Ação específica

Para combater especificamente essa disseminação de falsas informações relativas à vacinação contra o novo coronavírus, a União Pró-Vacina está em contato outras organizações, como o Observatório Covid-19 e redes de análise da Covid.

Além disso, há a produção de vídeos e áudios narrados por especialistas e cientistas, explicando se a história é ou não verdadeira. Os materiais são autoexplicativos e didáticos, assim, segundo Wasim, o alcance das informações corretas também é maior. “Furou a bolha”, destaca o representante da União, que neste ano também lançou a campanha “Todos pelas vacinas”, em parceria com os sindicatos e sociedades brasileiras científicas.

O grupo também está trabalhando com artes, principalmente com a imagem do Zé Gotinha, personagem criado em 1986 para a campanha de vacinação contra o vírus da poliomielite, e que foi perdida. “Temos tentado resgatar e promover uma cultura pró-vacina”, destaca Wasim.

O especialista também destaca a importância de ações de órgãos como o Ministério Público e a Secretaria Municipal de Saúde para combater a propagação de informações anti-vacina. “O Ministério Público tem reforçado a campanha da vacinação contra a Covid-19, mas há uma queda na cobertura vacinal como um todo desde 2017, e isso é muito preocupante.”

Wasim também explica que a União Pró-Vacina tenta uma aproximação maior com a secretaria de Saúde para ampliar a informações entre os profissionais.

Informações sobre a União Pró-Vacina, projetos, guias e artes, podem ser encontradas no site e também no Youtube.


Foto: Arquivo Pessoal (União Pró-Vacina)

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