Novo laser trata Periodontite Agressiva

Novo laser trata Periodontite Agressiva

Terapia Fotodinâmica é capaz de reduzir bactérias e o uso de antibióticos em inflamação da gengiva

Causada por bactérias que geram uma inflamação crônica na gengiva, a periodontite acomete mais adultos do que crianças, principalmente os mais idosos. Em sua forma agressiva (PA), a mais preocupante, promove rápida perda dos tecidos de suporte dos dentes.

Foi exatamente para esses casos que os pesquisadores da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP) da USP testaram e comprovaram a eficácia da Terapia Fotodinâmica antimicrobiana (TFDa). Utilizando fonte de luz laser de baixa intensidade, equipamento já utilizado em consultórios dentários, e um corante fotossensível, aplicados nos locais das lesões, os especialistas da universidade conseguiram reduzir as bactérias ‘vilãs’ causadoras da PA.

Orientado por Michel Reis Messora, professor associado do Departamento de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial e Periodontia da FORP-USP, o dentista especialista em Periodontia, André Luis Gomes Moreira, estudou os efeitos da TFDa em 20 pacientes com PA generalizada, sendo todos eles atendidos na Clínica de Pós-Graduação em Periodontia da FORP-USP, por meio de convênio com a rede pública de saúde (SUS).

Para a pesquisa foram escolhidos indivíduos com menos de 35 anos e que não apresentam outra doença além da PA. Cada um deles passou por dois tratamentos: um lado da boca recebeu apenas raspagem e alisamento radicular (RAR) – técnica manual, utilizada pelos dentistas, para a retirada de tártaros e placa bacteriana da gengiva, dos dentes e suas raízes; e o outro lado da boca recebeu RAR associada a múltiplas aplicações da TFDa.

Submetidas a diferentes períodos de avaliação, as 20 pessoas foram acompanhadas pelo estudo durante três meses, quando foram avaliadas com a realização de exames clínicos, imunológicos e microbiológicos com a coleta de material para as análises em laboratório.

Segundo o dentista, os resultados foram positivos, pois os dentes tratados com RAR E TFDa apresentaram resultados animadores quando comparados aos tratados somente com a RAR. “Notamos melhora significativa nos parâmetros clínicos periodontais, bem como nos parâmetros imunoinflamatórios, observando-se a redução de citocinas pró-inflamatórias e a elevação de citocinas anti-inflamatórias”, comenta.

Ele afirma ainda que este é um estudo pioneiro que avaliou de forma completa os efeitos de aplicações múltiplas da TFDa, associada à RAR, no tratamento da PA, por meio de parâmetros clínicos periodontais, imunológicos e microbiológicos. Nos exames clínicos dos pacientes, a quantificação da destruição dos tecidos periodontais foi realizada por meio de sondagem automatizada. Para o exame microbiológico, utilizaram o Checkerboard DNA-DNA Hybridization, técnica que permite quantificar até 40 bactérias que compõem os distintos complexos microbianos existentes na boca.

Atualmente, a PA ainda é tratada com RAR, associada a antibióticos administrados em doses e tempos diversos. Devido à possibilidade de efeitos colaterais e desenvolvimento de resistência bacteriana, as pesquisas no mundo inteiro buscam novos tratamentos alternativos. No caso dos estudos da FORP-USP, a resposta veio com o uso da TFDa, um recurso que mostrou-se bastante promissor para auxiliar no tratamento da PA e substituir o uso de antibióticos.

Caso de saúde pública

Levantamento da doença nos Estados Unidos mostrou que um em cada dois americanos com 30 anos de idade ou mais possuía alguma forma de periodontite. Do total, 47% da amostra examinada, 64,7 milhões de adultos, apresentavam a doença: 8,7%, na forma leve; 30%, moderada e 8,5%, severa.

O pior quadro ficou para os maiores de 65 anos, em que o percentual de periodontite moderada ou severa alcançou os 64%.

Em relação à PA, os levantamentos de casos mostram a doença é mais comum na população africana e em seus descendentes, chegando a 5%. Apresenta menor índice entre os caucasianos europeus e norte-americano, com 0,5% e 0,2%, respectivamente. Já nos países da América do Sul, varia de 0,3% a 2% da população.

O que gera um aumento nos casos severos de Periodontite também são fatores de risco adquiridos ou ambientais como diabetes mellitus, fumo, estresse e pacientes que não respondem de forma satisfatória às técnicas convencionais de tratamento.

Moreira completa que ,com essa realidade e considerando a grande quantidade de pessoas afetadas pela doença, é fundamental buscar alternativas capazes de potencializar os tratamentos convencionais, tornando-os mais previsíveis e evitando o uso de antibióticos.

Revide On-line
Laura Scarpelini com informações da assessoria de imprensa
Fotos: Divulgação 

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