Pesquisa aponta que cuidadores de pacientes com Alzheimer adoecem mais facilmente
Indivíduos que exercem a função têm cinco vezes mais chances de desenvolverem depressão e ansiedade
Uma pesquisa da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), da USP, confirmou que cuidadores de pacientes com Alzheimer podem adoecer mais facilmente. O estudo aponta que essas pessoas têm cinco vezes mais chances de desenvolverem depressão e ansiedade.
Para a pesquisa, foram analisadas 62 mulheres idosas. Trinta e uma delas eram parentes e cuidadoras de pessoas com a doença, e a outra metade não exercia essa função, mas residia na mesma vizinhança que os pacientes.
O resultado do estudo mostrou que as cuidadoras apresentaram 35,5% de sintomas de ansiedade e cerca de cinco vezes mais chance de terem depressão do que idosas que não cuidavam de pacientes com Alzheimer.
Segundo a professora Nereida Kilza da Costa Lima, do Setor de Geriatria da FMRP, é gerado um impacto negativo em pessoas que tomam conta de quem sofre com a doença. “A sobrecarga emocional e física destas cuidadoras é imensa”, diz.
De acordo com a pesquisa, essas idosas convivem diariamente com pessoas que não terão melhora. Em alguns casos, os pacientes até mesmo as agridem por não reconhecê-las. Segundo a professora, essa rotina gera um estresse muito alto.
“Essa situação gera sobrecarga que vai além de seus poderes; para piorar, acabam realizando tudo sozinhas, sem apoio de outros familiares ou com dificuldade em aceitar ajuda de outras pessoas”, comenta a professora.
Níveis altos de colesterol também apareceram, agravando o quadro de saúde dessas pessoas. Os especialistas acreditam que isso é o resultado de uma má alimentação e a falta de tempo para cuidados com a própria saúde.
Os altos índices de depressão e ansiedade descobertos na pesquisa abrem uma nova visão para os profissionais da área da saúde que, na maioria dos casos, durante os atendimentos, mantêm o foco nos doentes com Alzheimer, se esquecendo dos cuidadores.
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