Método contraceptivo pós-parto não afeta crescimento dos bebês, diz estudo
Estudo acompanhou por um ano filhos de mulheres que receberam implante com hormônio logo após o parto
Uma equipe da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (FMRP) estudou o desenvolvimento de bebês cujas mães receberam o Implanon, método anticoncepcional em forma de bastão que libera o hormônio etonogestrel, logo após o parto e ao mesmo tempo amamentavam. Os resultados publicados recentemente pela revista americana Obstetrics & Gynecology revelam que o remédio não interfere no crescimento dessas crianças.
Em estudo anterior, os pesquisadores já haviam detectado que a quantidade de leite materno não se altera quando a mulher inicia o uso do implante após o parto. Agora, comprovam que a amamentação continua cumprindo seu papel, mesmo com o tratamento.
Dessa nova fase da pesquisa, participaram 100 mulheres; 50 colocaram o implante nas primeiras 48 horas de pós-parto e as outras 50 seis semanas após o parto (o uso convencional), conforme previsto pela Organização Mundial da Saúde (OMS). As atividades ficaram a cargo da enfermeira Lilian Sheila de Melo Pereira do Carmo, que trabalhou sob orientação da professora Carolina Sales Vieira do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da FMRP.
Como principal resultado, Lilian não verificou diferença no crescimento dessas crianças ao longo dos 12 primeiros meses de vida. Filhos de mulheres que receberam o implante logo após o parto apresentaram o mesmo desenvolvimento que as que o receberam da maneira convencional.
Para Lilian, a importância do estudo está exatamente no acompanhamento da saúde desses bebês por um período tão longo. “Esse foi o grande diferencial nessa nova pesquisa, pois outros estudos acompanharam por cerca de três meses ou menos”.
As mulheres não tinham contraindicações para amamentação e eram maiores de idade. Seus filhos foram acompanhados durante um ano com avaliações de peso, altura, circunferência da cabeça e braço e informações sobre aleitamento materno, com 14, 40, 90, 180, 270 e 360 dias de vida. Os recém-nascidos eram saudáveis, sem malformações, com idade gestacional de 37 ou mais semanas, com peso adequado e habilidade de sucção normal; e receberam leite materno pelo menos até o terceiro mês de vida.
Outro dado importante do estudo, segundo as pesquisadoras, foi a baixa taxa de desistência. Das 100 mulheres, 92 concluíram o estudo, ou seja, só 8% de desistência. E destas desistentes, apenas uma retirou o implante, mostrando que a saída não foi por não gostar do método, mas provavelmente por dificuldades em conciliar o acompanhamento da pesquisa com a rotina de vida.
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