Prefeitura de RP já recolheu 27 toneladas de lixo de imóveis de acumuladores
Quatro ações foram realizadas em 2019, ao todo, existem cerca de 55 pessoas nessas condições em Ribeirão Preto

Prefeitura de RP já recolheu 27 toneladas de lixo de imóveis de acumuladores

Essas pessoas sofrem da Síndrome de Diógenes, desordem mental que gera, entre outros sintomas, o acumulo de objetos, ou até lixo, em casa

A Prefeitura de Ribeirão Preto recolheu, somente em 2019, cerca de 27 toneladas de materiais nas casas de acumuladores. Foram quatro ações realizadas neste ano, mas ainda existem cerca de 55 outros casos já detectados no município. Em média, são retiradas 6,8 toneladas de resíduos de cada casa.

Os acumuladores sofrem da síndrome de Diógenes, uma desordem mental que gera, entre outros sintomas, o acúmulo de objetos, ou até lixo, em casa. Outras características são o descuido extremo com a higiene pessoal e a limpeza da própria moradia, além do o isolamento social.

Para prestar atendimento a essas pessoas foi criado, em agosto deste ano, o Comitê Intersecretarial de Atenção às Pessoas em Situação de Acumulação. Juntamente com o comitê, também foi assinado o decreto que institui a Política Municipal de Atenção às Pessoas em Situação de Acumulação.

Assim que é notificado sobre alguma pessoa que se encontra na situação de acumuladora, o comitê avalia os casos de maior vulnerabilidade e que oferece maior risco tanto para os moradores da residência, quanto para vizinhos.

Os casos de risco têm prioridade no atendimento que envolve uma ação multidisciplinar. O grupo é formado pelo Fundo Social de Solidariedade, pelas secretarias de Assistência Social, Saúde, Negócios Jurídicos, Meio Ambiente, Infraestrutura, Coordenadoria de Limpeza Urbana, Defesa Civil e Guarda Civil Metropolitana.

Das quatro ações realizadas em 2019, duas já contaram com o atendimento intersecretarial do Comitê. Denúncias de pessoas em situação de acumulação podem ser feitas pelo Serviço de Atendimento ao Munícipe (SAM) no telefone 156.

A Síndrome

Segundo um estudo produzido pelo Hospital do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais, em 2010, foram apontadas algumas hipóteses que podem ser a causa da síndrome.

Uma delas seria a de que a síndrome representaria o "estágio final" de um transtorno de personalidade, de um transtorno obsessivo compulsivo e até mesmo de diferentes transtornos psiquiátricos.

Outra hipótese é de que a síndrome seria uma manifestação de demência do lobo frontal, área responsável pela fala, a tomada de decisão, o planejamento e a formação da personalidade.

Também aponta que a síndrome pode ser causada por estressores biológicos, psicológicos e sociais, associados com a idade do indivíduo.

 A psicóloga Maria Eduarda Alves da Silva explica que as pessoas com síndrome de Diógenes geralmente têm dificuldade em aceitar ajuda.

“A indicação seria a limpeza na residência da pessoa, primeiramente, e depois um processo de acompanhamento multidisciplinar, com serviço social, médicos psiquiatras e psicólogos, para que possam auxiliar no vínculo social, na dificuldade da pessoa com a compulsão a acumulação de objetos e, também, nas questões de higiene e cuidado”, comenta Maria Eduarda.

A especialista acrescenta que, em casos mais graves, é recomendado a avaliação psiquiátrica, incluindo avaliação cognitiva e neurológica e exame de imagem do crânio. 

“É importante que a família ao notar que algum familiar possui características referentes a essa síndrome, procure um profissional para receber orientação de como lidar com a situação e, posteriormente, busque auxílio médico e terapêutico”, conclui a psicóloga

Trabalho em equipe

A Secretaria da Saúde, através do Departamento de Assistência à Saúde das Pessoas, fica responsável pelos cuidados físico e mental, assim como realizar o atendimento das pessoas e famílias em atuação conjunta da Atenção Básica com o serviço especializado de saúde mental.

Cabe ao Departamento de Vigilância em Saúde e Planejamento realizar as visitas domiciliares para identificar os riscos sanitários à saúde individual e coletiva, além de executar as ações cabíveis.

Já o Meio Ambiente fica responsável por avaliar os riscos ambientais decorrentes das situações encontradas e tomar as providências, além de avaliar, por meio da Coordenadoria do Bem-estar Animal, as condições de saúde dos animais domésticos.

 A Infraestrutura atua fornecendo os veículos e equipamentos para a retirada dos materiais, enquanto a Coordenadoria de Limpeza Urbana avalia cada caso, elabora e executa os planos de ação para a retirada dos resíduos, oferecendo a devida destinação.

A Defesa Civil passa a atuar com a avaliação da estrutura do imóvel nos casos em que haja suspeita de risco estrutural, assim como elaborar relatório de vistoria, notificar o responsável pelo local e, quando houver interdição com necessidade de acolhimento do indivíduo, acionar a Semas.

Mais recente

No dia 11 de dezembro, a Prefeitura retirou seis caminhões de lixo de uma casa na rua Brasílio Machado Neto, no Jardim Marchesi, zona Oeste.

Na casa, vivem uma idosa e o filho, que receberam auxílio da Assistência Social do município. A idosa, que já passa por atendimento na rede pública de saúde, terá o tratamento intensificado.

“Solicitamos à população que colabore com a doação de móveis, eletrodomésticos, utensílios de casa e telhas Eternit, porque tudo do local precisou ser descartado. Não havia mais condições de uso. Os doadores podem entrar em contato com o Fundo Social de Solidariedade, pelo telefone 3625-7194”, informa Kelly Cristina da Silva, coordenadora do Comitê.


Foto: Alexandre de Azevedo

Compartilhar: