Primeiras aplicações de novo remédio para enxaqueca no Brasil ocorrem em Ribeirão

Primeiras aplicações de novo remédio para enxaqueca no Brasil ocorrem em Ribeirão

A medicação revolucionária foi liberada recentemente pela Anvisa e promete reduzir pela metade o número e a intensidade das crises de dor de cabeça

As duas primeiras aplicações do remédio Erenumab, medicação revolucionária e inédita para o tratamento de enxaqueca que já vem sendo usada em outros países e que foi liberada recentemente pela Anvisa, ocorreu nessa sexta-feira, 21, na Clínica de Infusão Immunitá, no Centro Médico do RibeirãoShopping, que é especializada em tratamento assistido. As infusões foram as primeiras realizadas no Brasil.  

A nova medicação promete reduzir pela metade o número e a intensidade das crises de enxaqueca, que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), afeta um a cada sete adultos do mundo. Ela foi aplicada em duas pacientes, que vieram de outras cidades para iniciar o tratamento na clínica do município, que foi escolhida pelo laboratório distribuidor para realizar a infusão das doses da nova medicação.

"É muito gratificante termos sido escolhidos para fazermos parte da primeira infusão no Brasil de uma medicação que é distribuída por um laboratório de nível mundial. A escolha é fruto de muito trabalho e, também, o reconhecimento do que fazemos aqui na Immunitá”, afirma o médico Rodrigo Nóbrega, que está à frente da clínica e é sócio-fundador e diretor da Gesti - Gestão e Soluções em Terapia Intensiva.

Nóbrega ainda destaca a importância da medicação para as pessoas que têm suas vidas afetadas pela enxaqueca. “Ficamos muito felizes de poder oferecer uma medicação que vai ajudar muitos pacientes que sofrem com a enxaqueca, problema que atinge e afeta a vida de muitas pessoas. Também estamos felizes de termos construído um espaço estruturado, que oferece qualidade e segurança, e que está pronto para receber qualquer tipo de infusão e de diferentes especialidades”, finaliza.

 

Andrea Nahime de Medeiros Primeiras pacientes

A professora e psicopedagoga Andrea Nahime de Medeiros e a neurologista Rhelen Piantino Rabello foram as primeiras pacientes brasileiras que tiveram a oportunidade de iniciar o tratamento com o Erenumab. Para as duas, o momento foi de grande expectativa, pois, por muitas vezes, foram vítimas das fortes crises de dor de cabeça.

“Olha, são 23 anos com dor.  Eu percebi que as dores não eram normais quando a intensidade foi aumentando e outros sintomas foram surgindo, como náuseas e ânsias de vômitos, e isso estava me impossibilitando de trabalhar. Tinha que sair do trabalho, ir para casa, e ficar em um quarto escuro, pois não podia com a claridade e com nenhum cheiro. Foi aí que percebi que isso não era normal, porque isso acontecia toda semana”, diz a Andrea.

Antes dessa oportunidade, Andrea já iniciou diversos tratamentos, mas nenhum trouxe o resultado desejado. “A minha médica me inscreveu no programa, na tentativa de me ajudar no tratamento. Como já fiz vários e não tive um retorno, ela me inscreveu no programa para uma tentativa, pois a medicação já tem dado muito certo fora do Brasil, então resolvemos tentar. Dessa vez, espero me livrar da enxaqueca”, diz a professora animada e com grandes expectativas.

Rhelen Piantino Rabello

O caso da neurologista Rhelen é bem parecido com o de Andreia. “Enxaqueca, eu tenho desde a adolescência, infância, mas que ela está diária faz uns 20 anos mais ou menos. Eu já fiz o uso de todas as medicações que eram indicadas e combinadas, como toxina botulínica e, inclusive, medicamentos não medicamentosos, acupuntura, psicoterapia”, diz a especialista.

Entretanto, ela também não obteve o resultado desejado e, quando ficou sabendo do novo tratamento, resolveu se incluir no programa. “Bom, eu sou médica neurologista, então tive acesso à informação sobre o medicamento em congressos. Quando fiquei sabendo que ele havia sido autorizado no Brasil, já entrei em contato com a empresa para me incluir no programa”, explica Rhelen.

A expectativa da neurologista é grande. “Eu vejo assim, não existe cura para enxaqueca, mas eu sei que os artigos estão mostrando que pode ter uma redução de até 50% das crises com a medicação. Para mim, isso já é muito bom, 15 dias no mês sem ter dor já é muito bom, então minha expectativa esta alta”, finaliza a especialista.

Enxaqueca e a medicação

 

O neurologista Francisco Antunes Dias O Erenumab é uma medicação específica para enxaqueca que é ministrada em dose subcutânea mensal. Uma vez por mês, o paciente irá a clínica para realizar o tratamento, que, geralmente, tem a duração de seis meses, mas, caso ainda haja a necessidade, ele poderá se estender até um ano.

Segundo o médico neurologista da Immunitá, Francisco Antunes Dias, o novo tratamento é revolucionário e representa um grande avanço, pois é praticamente isento de efeitos colaterais, que, até então, são os dos principais problemas relatados por pacientes que fazem o uso das medicações disponíveis no mercado.

“A enxaqueca tem dois tipos de tratamento: o abortivo, que é quando a gente toma um analgésico para cortar a dor e, o preventivo, que é quando fazemos o uso contínuo de uma medicação para evitar que as crises de dores de cabeça da enxaqueca venham aparecer e atormentar a vida do paciente. Dentre esses principais tratamentos preventivos, até então, não tínhamos nenhum que era específico para a enxaqueca. Eram medicações que foram criadas para tratar outras doenças, que apresentam efeitos na enxaqueca e, então, usávamos para reduzir a incapacidade que ela traz. O problema é que essas medicações apresentam muitos efeitos colaterais”, explica o neurologista.

Uma das reclamações mais frequentes, de acordo com Dias, é o ganho de peso, geralmente, causado por remédios que são prescritos para o tratamento da doença, que afeta mais o público feminino. “A gente sabe que a enxaqueca é muito mais comum em mulheres do que nos homens, e a grande maioria das medicações que a gente usa para tratá-la pode causar o ganho de peso, algo que incomoda muito as mulheres com enxaqueca. Então, essas quatro medicações novas que estão surgindo no mercado, além de serem muito eficazes, é praticamente isenta de efeitos colaterais”, diz o médico.

Para o especialista, esse é o maior benefício da nova medicação, que já está disponível para a população na Clínica de Infusão Immunitá. “É o grande benefício, vamos continuar tratando bem a enxaqueca, reduzindo as crises, sem um perfil de efeitos colaterais, praticamente zero nos estudos clínicos que fizeram uso dessa medicação”, finaliza o médico.

É importante ressaltar que antes de buscar pelo tratamento, o interessado deverá se consultar com um médico, que estudará o caso e verá se o uso do medicamento é recomendado.  


Fotos: Julio Sian

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