Produção da vacina contra a Covid-19 de Ribeirão Preto enfrenta dificuldades

Produção da vacina contra a Covid-19 de Ribeirão Preto enfrenta dificuldades

Desenvolvimento de vacinas brasileiras contra a Covid-19 enfrentam dificuldades conforme avança a campanha de vacinação nacional

Anunciada como uma promissora candidata à vacina brasileira contra a Covid-19 – em março deste ano, pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes – a Versamune-CoV-2FC, desenvolvida pela startup de biotecnologia Farmacore, em parceria com a companhia americana PDS Biotechnology e com auxílio da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP), enfrenta dificuldades para avançar nos estudos.

O imunizante da Farmacore é elaborado a partir de proteínas do próprio vírus Sars-CoV-2, diferentemente de outras vacinas administradas em território nacional, como a CoronaVac, que utiliza o coronavírus inativado, ou a da Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, que usa o material genético do coronavírus inserido em um adenovírus.

A CEO da Farmacore, Helena Faccioli, explica que a PDS Biontech é a fornecedora do ativador de células T, Versamune, que incita a produção de anticorpos pelos linfócitos do organismo, enquanto o princípio ativo da vacina, o chamado Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), é de responsabilidade da Farmacore. O processo está sendo conduzido por uma empresa terceirizada nos Estados Unidos.

Imunização

Entre as principais dificuldades para o avanço dos estudos do imunizante está o progresso da campanha de vacinação nacional, que torna escasso o número de voluntários que ainda não receberam nenhuma dose de vacina contra Covid-19. “O processo de recrutamento ainda não está acontecendo. Frente ao avanço da vacinação, a empresa está rediscutindo o protocolo clínico com a Anvisa para avaliar a melhor estratégia de teste e de aplicação da vacina”, afirma Helena. 

Segundo a plataforma Vacinômetro, em atualização do mês de setembro, o Estado de São Paulo ultrapassa 40% da população com o esquema vacinal completo, com duas doses ou com o imunizante de dose única, equivalente a mais de 17,6 milhões de imunizados. Em Ribeirão Preto, o número de vacinados com ambas as doses ou com a vacina de dose única, da Janssen, chega a 292,6 mil pessoas, cerca de 41% da população do município. De acordo com a CEO da Farmacore, uma possibilidade que vem sendo discutida com a Anvisa é a eventual utilização da Versamune como dose de reforço. 

No dia 18 de agosto, a Anvisa autorizou uma alteração no protocolo de estudo clínico da vacina ButanVac, em desenvolvimento pelo Instituto Butantan e anunciada, também, em março deste ano. Segundo a Agência, a mudança foi solicitada pelo Butantan para substituir o uso de placebo pela vacina CoronaVac, também do Instituto, por conta da dificuldade de se encontrar voluntários para o estudo.

Helena Faccioli, CEO da Farmacore, e Marcos Pontes, ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações

Financiamento

No dia 22 de abril, foi sancionada a Lei Orçamentária de 2021, fixando as despesas e estimando as receitas do governo federal, com R$ 19,7 bilhões vetados do orçamento. Para o Ministério da Ciência e Tecnologia, foram vetados R$ 371 milhões e R$ 272 milhões foram bloqueados (ou seja, podem ser liberados ao longo do ano, caso a arrecadação e o teto de gastos permitam o crescimento das despesas). O ministro Marcos Pontes classificou o veto aos recursos como um estrago. “Estamos trabalhando com o orçamento do ano que vem, vendo o que que a gente vai fazer a respeito do orçamento nesse ano, um estrago, vamos chamar assim. Realmente, foi muito comprimido esse orçamento”, disse Pontes, durante uma live em seu perfil no Instagram.

Apesar do veto, Helena comenta que o projeto de desenvolvimento da Versamune não enfrenta dificuldade no financiamento e recebeu recursos por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). “O projeto não enfrentou nenhuma dificuldade de financiamento. A Lei 14.169 garantiu crédito suplementar no valor de R$ 415 milhões em favor do FNDCT para utilização em ações de combate à pandemia. Desse montante, R$ 310 milhões foram direcionados ao financiamento dos projetos de ensaio clínico das vacinas, selecionadas através do Chamamento Público SEPEF/MCTI 01/2021, com resultado publicado no dia 31 de agosto”, pontua a dirigente.


Fotos: Divulgação/Farmacore e Marcelo Camargo/Agência Brasil

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