Professora da USP Ribeirão explica sobre as complicações da picada de escorpião
"Temos quatro espécies perigosas no Brasil, sendo duas aqui do Sudeste, nossa região", aponta a professora

Professora da USP Ribeirão explica sobre as complicações da picada de escorpião

A especialista ressalta os cuidados a serem tomados, principalmente, com crianças

Nos períodos do ano com as temperaturas mais elevadas, o cuidado em relação aos acidentes com escorpiões deve ser maior. O clima quente e úmido é ideal para o aparecimento destes animais, que se abrigam em esgotos e entulhos.

Em entrevista ao Portal Revide, Palmira Cupo, professora do Departamento de Puericultura e Pediatria da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, explicou os diferentes tipos de casos e orienta o que fazer caso seja picado pelo animal.

Quais são as complicações que a picada do escorpião pode causar?

PALMIRA: Depende muito da gravidade dos casos, a quantidade de veneno inoculado e do local da picada. Sempre classificamos as manifestações clínicas em: leve, moderada e grave. Lembrando sempre que, proporcionalmente, as crianças recebem sempre mais veneno que os adultos devido ao menor peso.

No caso leve, gera apenas com dor local, geralmente intensa, acompanhada do aumento de batimentos cardíacos, da pressão arterial, com respiração mais rápida. O caso classificado como moderado causa as manifestações que chamamos de sistêmicas. O paciente além da dor pode apresentar alguns episódios de náuseas, vômitos, aumento dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial, sudorese e agitação. Aqui, todas as crianças até dez anos completos devem receber tratamento para a dor e ser administrado o soro antiveneno.

Já no caso grave, há a presença de muitos episódios de vômitos e náuseas, sudorese intensa, temperatura do corpo baixa (hipotermia), aumento ou diminuição dos batimentos cardíacos, respiração rápida com desconforto, pressão arterial alta ou baixa e alterna agitação com sonolência. Além disso, o quadro pode evoluir para edema pulmonar agudo (líquido no pulmão), o que dificulta mais ainda a respiração, podendo evoluir para óbito. Esses sintomas são mais comuns nas crianças de até dez anos.

O ideal é estar dentro de um hospital que tenha soro antiveneno dentro de 1h30 do acidente. Quanto mais se demora, mais grave o paciente fica.  Muitas mães dão banho nas crianças antes de irem ao hospital e perdem tempo com isso. Estamos agora numa época muito propícia para os acidentes com escorpiões devido ao excesso de calor.

As complicações variam de escorpião para escorpião?

PALMIRA: Variam, sim. Temos quatro espécies perigosas no Brasil, sendo duas aqui do Sudeste. O escorpião amarelo (Tityus serrulatus) causa os acidentes mais graves e é o que temos aqui em nossa cidade e região, e o escorpião amarronzado (Tityus bahiensis) que não temos aqui em nossa cidade, mas já tivemos, cujo veneno é mais brando. Os outros dois são da região norte e nordeste.

Quais são as recomendações após ser picado?

PALMIRA: No caso das crianças até 10 anos procurar o hospital mais próximo para avaliação da gravidade e encaminhar para a Unidade de Emergência o mais rápido possível. Lá ela será avaliada e receberá o soro antiveneno se for preciso.

Como acontece o tratamento após a picada?

PALMIRA: Se o caso for só leve, a criança é medicada para dor com analgésicos via intravenosa e/ou por uma aplicação de anestésico no local da picada e fica em observação por 4h. Se for caso moderado ou grave, a criança recebe o soro antiveneno. Se for muito grave já vai direto para o CTI Pediátrico e se for moderado fica em observação por 24h. Falei mais a respeito das crianças, mas o restante da população tem o mesmo tipo de tratamento. A maioria dos acidentes são leves, 85 a 90%..

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Foto: Unsplash

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