Ribeirão Preto tem bom índice de doadores de órgãos
Maior fila de espera é por transplante de rim, com mais de 10 mil pacientes; falta de informações aumenta recusa de familiares em doar
Ribeirão Preto tem o menor índice de recusa familiar na doação de órgãos, com cerca de 26%, entre as cidades do Estado de São Paulo. A maior recusa da doação vem da falta de informação de familiares. Em Minas Gerais, por exemplo, a recusa chega a 30% das famílias consultadas, mas já foi de 48%
Por isso, através do trabalho da Organização de Procura de Órgãos do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (OPO) a busca por novos doadores se tornou ativa e a recusa diminuiu. O acolhimento às famílias foi um dos pontos fundamentais para o recebimento de doadores.
Com a falta de informações em relação à importância da doação de órgãos e ao esclarecimento da população em relação à morte encefálica, no estado de São Paulo, o número de doadores apresentou uma discreta queda no ano de 2014.
Na OPO Ribeirão Preto, houve um aumento de 10% na doação em 2014, em relação a 2013, totalizando 48 órgãos doados. As doações foram de múltiplos órgãos, sendo que 28 delas aconteceram no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Esse número é variável por estar relacionado à morte encefálica, o que impossível quantificar o número de doadores mensalmente.
Quase 11 mil
Atualmente, a maior fila de espera é a de pacientes que aguardam por um transplante renal, visto que os rins desses pacientes são mantidos em funcionamento artificialmente, através da hemodiálise. São 10.697 os que aguardam o órgão.
A espera por outros transplantes é grande, como córnea, com 2.688 pacientes; Fígado, com 1.028; Pâncreas/ Rim, 521; Coração, 153; Pulmão, 124 e Pâncreas, 51.
Um dos pré- requisitos básicos para a doação de órgãos é a morte encefálica, que é a completa e irreversível parada de todas as funções do cérebro. E quando a pessoa entra nesse quadro, o coração continua batendo e, por isso, a família pode não aceitar o óbito.
Segundo a enfermeira do Serviço de Procura de Órgãos e Tecidos (SPOT), Margarida Chiaretti, a campanha por novos doadores é fruto do trabalho realizado pelo grupo. “É nesse momento que nosso grupo tem que intervir e explicar sobre a morte e a importância da doação”, comenta.
Doação
A doação em vida é possível para os órgãos como rim, parte do pulmão e parte do fígado. Já após a morte, a doação de múltiplos órgãos acontece somente com a morte encefálica e com autorização familiar.
A lei que tornava obrigatório o registro em documento da vontade ou não de ser doador foi revogada em 2001. Sendo assim, a doação é de responsabilidade única e exclusiva da família que atenderá a vontade do doador.
A princípio todas as famílias são favoráveis à doação. A recusa está relacionada a algumas situações, como a vontade prévia do falecido em não ser doador ou o fato de a família desconhecer o desejo do falecido em ser doador de órgãos. “Colaboram” ainda afalta de convicção na morte encefálica e o próprio atendimento hospitalar prestado ao paciente e à família.
Transplante
O transplante ocorre quando a família autoriza a doação. É gerado, através de um programa de computador, a lista dos receptores compatíveis. A cirurgia é agendada em um prazo máximo de seis horas e as equipes transplantadoras dirigem-se ao hospital onde o doador se encontra, realizam a captação e o implante dos órgãos.
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Laura Scarpelini (Colaboradora)
Fotos: Ibraim Leão