Secretaria de Saúde de SP registra aumento de atendimento por diabetes
Pasta estadual alerta sobre a doença que atinge cerca de 7% da população do país
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo registrou, em 2023, 17.857 atendimentos ambulatoriais e hospitalares a pacientes portadores de diabetes. Esse número tem crescido nos últimos três anos. A pasta estadual alerta para a doença, que atinge cerca de 7% da população nacional, de acordo com o Ministério da Saúde, o que representa um número próximo a 15 milhões de pessoas.
“A pandemia contribuiu para esse aumento no número de atendimentos relacionados ao Diabetes Mellitus (DM) nos últimos anos. Com o isolamento social, as pessoas ficaram mais sedentárias e passaram a ter hábitos alimentares menos saudáveis. Como consequência, observamos aumento da incidência de sobrepeso e obesidade, condições intimamente ligadas ao desenvolvimento e à piora da evolução da doença,” disse a Dra. Lilian Halcsik Sollitari Gugoni, médica endocrinologista do Conjunto Hospitalar de Sorocaba. Para ela, uma das medidas fundamentais à saúde do paciente é o diagnóstico precoce, observando que, por ser uma doença com sintomas de difícil identificação, muitos portadores de diabetes não são diagnosticados.
De janeiro a abril deste ano, os ambulatórios da rede estadual registraram 10.742 atendimentos a pacientes com diabetes e, nos hospitais, foram 7.115 atendimentos. Em comparação, em todo o ano de 2019, foram feitos 12.724 atendimentos ambulatoriais e 22.078 atendimentos hospitalares. Ou seja, os três primeiros meses de 2023 representaram 51,3% dos atendimentos daquele ano.
Em 2021, os atendimentos somavam 43.106, um crescimento de 20,9% em relação aos 35.627 atendimentos realizados em 2020. Em 2022, foram registrados 50.191 atendimentos, o que representa um crescimento de 16,4% em relação ao ano anterior. Esse crescimento, pressionado pela pandemia de Covid-19, que levou muitas pessoas a abandonarem a rotina, também é atribuído ao aumento do consumo de comidas ultraprocessadas e fast food.
Características
O diabetes é caracterizado pela ausência de insulina no corpo ou a incapacidade da substância de exercer adequadamente seus efeitos. Fabricada pelas células B do pâncreas, a insulina é uma das principais responsáveis pela metabolização da glicose. O excesso permanente de açúcar não metabolizado na corrente sanguínea (hiperglicemia) causa uma série de complicações que podem ameaçar a vida do indivíduo.
A doença pode levar a lesões nos olhos, que causam perda de acuidade visual, lesões nos rins, que podem levar à falência do órgão, lesões nos nervos, que podem causar dormências e perda de força muscular, pé diabético, que pode levar à amputação pela incapacidade dos pés de se recuperar de lesões, infartos, acidentes vasculares e infecções.
Entre 5% e 10% dos casos de diabetes são os chamados de Tipo 1, causados por uma disfunção do sistema imunológico que ataca as células B do pâncreas. Esses casos ocorrem, principalmente, entre crianças e adolescentes, mas também podem ocorrer em adultos. Há outras disfunções genéticas e hereditárias que podem causar diabetes, assim como o uso de certas drogas ou medicamentos. Também, entre 2% e 4% das gestantes desenvolvem intolerância à glicose durante a gestação, uma condição chamada diabetes gestacional que pode persistir após o parto.
Quase 90% dos casos, no entanto, são de diabetes de Tipo 2, causados pela incapacidade do corpo em aproveitar adequadamente a insulina produzida e ligados diretamente ao sobrepeso, sedentarismo, triglicerídeos elevados, hipertensão e hábitos alimentares inadequados. Níveis elevados de glicose no sangue aparecem em exames de pessoas que apresentam esses quadros antes de chegarem ao nível que levaria ao diagnóstico da doença e é um alerta do corpo que os médicos chamam de pré-diabetes. Mesmo seguindo corretamente as orientações médicas, cerca de 50% das pessoas diagnosticadas com pré-diabetes se tornam diabéticas.
Os sintomas mais comuns da diabetes são fome excessiva, sede constante e vontade de urinar várias vezes ao dia. Especificamente nos casos de Tipo 1, os pacientes descrevem mudanças de humor, fraqueza, fadiga, perda de peso e náuseas. Nos casos de Tipo 2, pacientes relatam infecções na bexiga, rins e pele, além de formigamento nas extremidades, dificuldade de cicatrização e visão embaçada.
Os fatores de risco, além do sobrepeso, pré-diabetes, pressão alta e diabetes gestacional, incluem ter pais, irmãos ou parentes próximos com diabetes, fazer uso de medicamentos da classe dos glicocorticoides, ter dado à luz a bebê com mais de 4kg, ser diagnosticado com distúrbios psiquiátricos, síndrome de ovários policísticos, apneia do sono e doenças renais crônicas.
A prevenção da doença passa por manter o peso normal, não fumar, evitar consumir bebidas alcoólicas em excesso, praticar atividade física e controlar a pressão arterial. O paciente que já foi diagnosticado com Diabetes Mellitus deve fazer o mesmo, mas é recomendado, ainda, examinar todos os dias os pés por lesões, utilizar medicamentos prescritos de forma correta e medir diariamente o nível de glicemia, para mantê-lo num nível adequado.
Marcelo Camargo/Agência Brasil