Transtorno opositor desafiador: diagnósticos e tratamentos

Transtorno opositor desafiador: diagnósticos e tratamentos

Afetando crianças e adolescentes, o transtorno opositivo desafiador (TOD) atua no controle de impulsos e da conduta, envolvendo autocontrole de emoções e comportamentos

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), doença é qualquer ausência de saúde acompanhada por alterações do estado de equilíbrio de uma pessoa em relação ao meio ambiente. No entanto, para que uma condição seja considerada uma doença, é preciso que ela atenda a três critérios: ter uma causa reconhecida; manifestar-se por meio de uma sintomatologia específica e provocar alterações no organismo, sejam elas visíveis ou detectadas por meio de exames.

 

Já um transtorno é uma alteração na saúde que nem sempre está associada a uma doença propriamente dita, embora possa representar grandes incômodos para um paciente. Os transtornos mentais incluem qualquer quadro que possa comprometer a vida pessoal, familiar, social e profissional de um paciente, influenciando inclusive na forma como ele enxerga a si próprio e o que está ao seu redor.

 

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais, o transtorno opositivo desafiador (TOD) está incluído dentro da categoria dos chamados transtornos disruptivos, do controle de impulsos e da conduta, que incluem condições que envolvem problemas de autocontrole tanto de emoções como de comportamentos. O transtorno opositivo desafiador é uma condição psiquiátrica que afeta principalmente crianças e adolescentes, caracterizada por um padrão persistente de comportamento desafiador, hostil e desobediente em relação às figuras de autoridade

 

Segundo a psiquiatra Taciana Gontijo da Costa Dias, frequentemente o TOD aparece em conjunto com outros transtornos, tais como transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e transtorno de conduta. "O TOD traz diversos prejuízos para o indivíduo e para a família e pode deixar a criança mais sujeita a abusos e bullying. Além disso, há o risco do desenvolvimento de outros transtornos no futuro, como depressão, ansiedade, transtorno de conduta. Portanto, é muito importante que seja feito o diagnóstico e tratado o mais precocemente possível", explica.

 

"Falando especificamente sobre o TOD, ele se manifesta por um padrão de humor raivoso e irritável, de comportamento questionador e desafiante ou índole vingativa que se apresentem por pelo menos quatro sintomas. Este padrão deve estar presente por pelo menos seis meses, e aparecer interação com pelo menos um indivíduo que não seja um irmão. Além disso, tal perturbação no comportamento gera angústia na pessoa com TOD, ou em outras pessoas em seu contexto social imediato, seja na família, no grupo de pares ou colegas de trabalho, de forma a ter impactos negativos nas áreas social, educacional, ocupacional ou outras áreas importantes da vida.", comenta a psicóloga Mônica Soares.

 

TRATAMENTOS E CUIDADOS

 

A psicóloga clínica Amanda Coletto Barata indica que o melhor tratamento é multifatorial, sendo, inicialmente com a psicoeducação, pois isso pode ser uma forma eficaz de motivar a criança ou o adolescente.

 

"Motiva-la, pois a falta de motivação está ligada à falta de interesse do paciente na mudança do próprio comportamento, uma vez que a motivação para mudança de comportamento vem de terceiros, como os pais, cuidadores e professores. Também deve-se investir no desenvolvimento de habilidades comportamentais básicas, posteriormente habilidades sociais. E nesse caso a terapia é fundamental, uma vez que nela, além da possibilidade de desenvolvimento das habilidades já citadas, a criança ou o adolescente, terá espaço adequado para falar, sobre como se sente. Além disso, os pais também serão orientados, visando a melhora geral do quadro e isso refletirá em todo o contexto familiar.", comentou a psicóloga clínica.

 

Embora seja normal que crianças e adolescentes desafiem a autoridade em algum momento, no caso do TOD, esses comportamentos são mais intensos, frequentes e disruptivos em comparação com o desenvolvimento típico. O transtorno pode impactar negativamente o desempenho acadêmico, as amizades e a qualidade de vida geral da criança. As causas do transtorno ainda não são completamente compreendidas, mas fatores genéticos, neurobiológicos e ambientais podem desempenhar um papel. Além disso, a presença de outros transtornos, como TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) e transtornos de humor, pode estar associada a ele.

 

O diagnóstico é baseado na observação cuidadosa dos padrões de comportamento da criança ao longo do tempo. Profissionais de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, muitas vezes trabalham em conjunto para avaliar a situação e desenvolver um plano de tratamento personalizado. O apoio contínuo da família e da escola é crucial para o sucesso do tratamento. Com intervenção adequada, crianças com transtorno opositor desafiador podem aprender a gerenciar seus comportamentos desafiadores e desenvolver habilidades adaptativas que contribuam para seu crescimento e bem-estar a longo prazo.


Foto: Pixabay (imagem ilustrativa)

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