USP quer voluntários para estudar possível diagnóstico da depressão
Pesquisadores da USP de Ribeirão Preto procuram voluntários para pesquisa de percepção visual
Pegue uma folha de papel sulfite e uma caneta de tinta vermelha. Depois, faça uma bolinha vermelha no centro do papel. Um desenho parecido com a bandeira do Japão. Olhe para ele por alguns segundos, em seguida, procure uma outra superfície branca. Se você estiver com a visão em perfeito estado, você verá um pontinho verde, ao invés de vermelho.
Essa brincadeira de criança, instantaneamente pode ser levada como uma perda de tempo, mas na realidade é ciência, tem nome – bem complicado – e pode ajudar a realizar diagnósticos de pessoas com depressão.
Não é necessariamente a brincadeira do ponto que vai apontar um possível grau depressivo de uma pessoa, mas todo o sistema em que ela se encaixa. É o pós-efeito nos hemicampos visuais laterais, que em um experimento um pouco mais complexo, realizado por pesquisadores da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, estuda os efeitos das faces tristes e alegres.
O estudo pretende colocar voluntários diante de expressões alegres e tristes, já que essas inflexões, seguidas de uma expressão neutra, pode dar a sensação de que a pessoa viu uma expressão oposta No momento, a pesquisa tem por objetivo investigar se o fenômeno conhecido por pós-efeito de adaptação visual a faces emocionais são similares entre homens e mulheres - isso tem a ver com diferenças entre os hemisférios cerebrais direito e esquerdo para processar informações visuais de emoção.
Por exemplo, olhe para um rosto sorridente por alguns segundos, depois veja a de um rosto com expressão neutra. A sensação que seguirá será a de que você viu uma pessoa mostrando tristeza e não alegria. E o contrário também ocorre, segundo o professor do Departamento de Psicologia da FFCLRP Sérgio Sheiji Fukusima.
Sergio explica que a intenção é se aprofundar em como o cérebro processa a comunicação visual. “Pode ser usado no diagnóstico de pessoas com depressão e bipolares. Mas primeiro precisamos de saber se existe diferenciação nas percepções entre homens e mulheres”, explica o professor.
“Em um outro estudo, percebemos que nos homens não havia essa mudança de percepção, enquanto nas mulheres sim. Agora precisamos saber se a população anterior estava com sintomas depressivos, o que inviabilizaria os resultados obtidos antes”, completa o professor.
Para a conclusão do estudo é necessário pelo menos 30 voluntários, a serem 15 homens e 15 mulheres destros, com idade entre 18 e 30 anos, que possuem capacidade visual normal ou corrigida. Cada voluntário vai realizar duas sessões, com duração de trinta minutos cada uma. Os interessados devem entrar em contato pelo e-mail [email protected].
Foto: Arquivo Revide