Vacina contra a dengue entra em fase final de testes

Vacina contra a dengue entra em fase final de testes

Estudos visam comprovar a eficácia da vacina; Ministério da Saúde vai investir R$ 100 milhões nos próximos dois anos

Está em fase final a pesquisa clínica para a vacina contra a dengue, que será desenvolvida pelo Instituto Butantan, em parceria com o National Institutes of Health (NIH), nos Estados Unidos.

Além da parceria do National Institutes of Health, o Ministério da Saúde vai investir R$ 100 milhões nos próximos dois anos para o desenvolvimento do estudo.

Os estudos pela primeira vacina brasileira contra a dengue estão sendo analisados por mais de 1,2 mil voluntários recrutados pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC/FMUSP), sendo maior complexo hospitalar da América Latina e um dos 14 centros credenciados pelo Butantan para a realização de testes, que envolverão 17 mil participantes de 13 cidades nas cinco regiões do Brasil. Dez pessoas foram vacinadas no primeiro dia de teste.

A vacina terá o potencial para proteger contra os quatro tipos de vírus da dengue com uma dose. Ela será produzida com os vírus vivos, mas geneticamente enfraquecidos, com o objetivo de não provocar a doença.

De acordo com o diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil, 29 solicitações de parceria internacionais, a maioria de origem americana, estão sendo analisadas. “Todos os estudos até aqui apontam que a vacina é segura e que ela estimula o organismo a produzir anticorpos de maneira equilibrada contra os quatro vírus da dengue”, afirma.

A vacina já foi testada em 900 pessoas: 600 na primeira fase de testes clínicos, realizada nos EUA pelo NIH, e 300 na segunda etapa, realizada na cidade de São Paulo pela Faculdade de Medicina da USP, parceira do Butantan. Os dados disponíveis até o momento das duas primeiras fases indicam que a vacina é segura, induz o organismo a produzir anticorpos de maneira equilibrada contra os quatro vírus da dengue e é potencialmente eficaz. “Os brasileiros estão sensibilizados quanto ao tema e acreditamos que isso fará com que os ensaios clínicos tenham boa adesão”, completa Kalil.

A pesquisa também será conduzida em Manaus (AM), Porto Velho (RO), Boa Vista (RR), Aracaju (SE), Recife (PE), Fortaleza (CE), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG), São José do Rio Preto (SP) e Porto Alegre (RS).

Voluntários

Os primeiros voluntários entraram em contato diretamente com o hospital ou deixaram seus dados no Serviço de Atendimento ao Cidadão do Butantan, autorizando que eles fossem repassados ao centro de pesquisas do complexo hospitalar. Eles têm entre 2 e 59 anos de idade e residem em diferentes localidades da capital paulista e da região metropolitana da Grande São Paulo.

Na capital paulista, o cadastro de interessados em participar do estudo passa de 2 mil.

Podem ser voluntárias do estudo pessoas que estejam saudáveis, que já tiveram ou não dengue em algum momento da vida e que se enquadrem em três faixas-etárias: 2 a 6 anos, 7 a 17 anos e 18 a 59 anos. Interessados também podem procurar o SAC do Butantan pelo e-mail [email protected].

Os participantes serão acompanhados por um período de cinco anos para verificar a duração da proteção oferecida pela vacina. O acompanhamento será feito por meio de visitas programadas para coleta de amostras, além de contatos telefônicos e mensagens por celular.

A estimativa do Instituto é que todos os participantes estejam vacinados dentro de um ano. Os resultados da pesquisa dependem de como será a circulação do vírus, mas o Butantan acredita ser possível ter a vacina disponível para registro até 2018.


Foto: Arquivo Revide 

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