
Vacinação de jovens é peça-chave para diminuir casos de dengue em Ribeirão Preto
Especialista explica a influência dos sorotipos do vírus no aumento do número de casos e destaca o papel da população no combate à doença
A dengue em Ribeirão Preto recuou, significativamente, em 2025 até o momento. Segundo dados do Boletim Epidemiológico, divulgado pela Secretaria Municipal da Saúde em abril, foram confirmados 302 casos da doença no município na primeira quinzena de abril, número que representa menos de 4% dos casos registrados no mesmo período do ano passado, quando foram confirmados 9.719 casos. Uma das razões dessa redução está na vacinação.
O professor Benedito Antônio Lopes da Fonseca, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, especialista em epidemiologia, não acredita que as ações no combate à dengue deste ano sejam mais eficientes que as do ano passado, pois elas são determinadas pelo Ministério da Saúde e são realizadas todos os anos da mesma maneira. Segundo Fonseca, “essa diminuição já era mais ou menos prevista. O mais importante é a vacinação. Este ano ela estava disponível para adolescentes de 10 a 14 anos de idade, o que contribuiu para que esses jovens ficassem resistentes à infecção”, afirma.
Os resultados positivos surgiram. Este ano foram registrados, até o dia 21 de maio, 18.061 casos, com seis óbitos confirmados. Em comparativo com o mesmo período de 2024, foram 34.581 casos da doença, além de 16 óbitos, mais que o dobro de 2025. Os quatro sorotipos da dengue, 1, 2, 3 e 4, influenciam diretamente o número de casos que uma cidade vai ter da doença. “Após uma grande epidemia por um dos sorotipos do vírus da dengue, a população cria resistência a ele, o que reduz o número de pessoas suscetíveis à infecção pelo vírus que circula no momento. Até que outro sorotipo comece a circular, o que demora um certo tempo, os casos tendem a diminuir.”, explica o professor.
Os casos de dengue são mais frequentes entre janeiro e junho, com o pico de casos ocorrendo mais ou menos entre março e abril. “Com a chegada do frio e da seca, ocorre uma diminuição da população do mosquito transmissor e, portanto, reduz a transmissão da dengue e cai o número de casos.”, afirma o docente.
Casos podem aumentar
Para 2026, o cenário vai depender dos sorotipos. Segundo o especialista, “se continuar circulando o mesmo sorotipo, que neste momento é o 2, principalmente, é provável que o número de casos para o ano que vem não seja elevado. Contudo, com uma possível proliferação de um novo sorotipo muitas pessoas estarão suscetíveis à infecção por ele, o que acabaria aumentando o número de casos na cidade. É difícil fazer uma previsão exata para 2026 neste momento”.
Mas a população pode contribuir, porque tem papel fundamental no combate à dengue. Diminuir os criadouros em casa, como manter o quintal limpo e não deixar água parada, são ações importantes citadas pelo professor, sem esquecer da vacinação. “Os adolescentes precisam ser vacinados. Além de protegerem a si mesmos, eles não serviriam de reservatório para o mosquito se infectar e transmitir a doença para outras pessoas. Se seguirmos esses dois passos fundamentais, o controle dos criadouros e a imunização da população, com certeza o número de casos continuará caindo”, conclui.
*Informações do Jornal da USP Ribeirão Preto
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil