Zika pode ser transmitido pelo pernilongo Culex
Fiocruz faz pesquisa de campo para verificar a possibilidade de transmissão de Culex, além do Aedes aegypti
Diante da epidemia de casos de Zika Vírus, um novo transmissor pode ser a causa da doença. Além do mosquito Aedes aegypti, o Zika também pode se transmitido pelo pernilongo Culex, nome científico do pernilongo.
A nova suspeita fez com que pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Pernambuco, estudassem se existe a possibilidade de transmissão também pela muriçoca.
O estudo detectou, em inoculação em laboratório, a presença do Zika Vírus na glândula salivar do mosquito culex quinquefasciatus, o pernilongo doméstico. A análise também está sendo feita para verificar se a doença tem um menor tempo para replicação viral no vetor.
A escolha do Culex foi motivada pela observação da primeira área urbana que teve surto da doença, na Micronésia, onde o Aedes aegypti é raro. Já o Culex costuma estar presente em uma densidade 20 vezes maior que o Aedes e é a espécie de mosquito mais abundante no ambiente urbano das áreas tropicais e subtropicais. Os estudos se concentraram inicialmente na comparação entre eles.
Segundo a cientista e pesquisadora do projeto, Constância Ayres, o mosquito principal, considerado vetor, é o Aedes. O Culex está sendo testado pela primeira vez. “Se a gente detectar o Zika na glândula salivar significa que o mosquito pode transmitir o vírus”, afirma.
A primeira etapa da pesquisa contou com a infecção em 200 mosquitos Culex criados em laboratório de dezembro a fevereiro. Os pernilongos foram alimentados por sete dias, com sangue infectado pelo Zika. A análise teve conclusão que o vírus se manteve ativo.
Em cada mosquito coletado foi feita a dissecção, que é o processo de separação de partes do corpo para extrair o intestino e a glândula salivar. No total foram obtidas 450 amostras.
Conclusão
Para concluir a pesquisa da Fiocruz Pernambuco, outros estudos serão apresentados, com Culex coletados em campo, em diversos lugares, para verificar se a situação encontrada em laboratório se aplica também na natureza.
O resultado que comprovará ou descartará a transmissão pela muriçoca poderá ser obtido apenas depois da pesquisa de campo.
A pesquisadora conclui que outro objeto de investigação é o tempo que o Zika leva entre a incubação até tornar-se transmissor da doença. “O que se acredita é que o tempo de replicação do vírus no mosquito para a zika é menor. A dengue é de 7 a 15 dias. O zika deve ser três dias”, completa.
Foto: Arquivo Revide