Segundo especialistas, faixa preferencial de ônibus é melhor opção
Com objeções, Sincovarp e Acirp sugeriram alternativas em reunião com a Transerp
Desde o dia 30 de agosto está em funcionamento no centro de Ribeirão Preto as faixas preferenciais para ônibus do transporte público coletivo. Segundo informações da Transerp – Empresa de Trânsito e Transporte Urbano – ao todo foram implantadas o equivalente a cinco quilômetros de faixas, sendo que 35 vagas de estacionamento foram retiradas.
Porém, a medida dividiu a opinião de usuários do transporte coletivo, que aprovam a implantação, e dos comerciantes, que se demostraram insatisfeitos por acreditarem que a obra reduzirá o fluxo de clientes nas regiões de onde o estacionamento foi proibido.
Para o empresário e presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto (Sincovarp), Paulo César Garcia Lopes, a retirada de vagas foi uma atitude fria por parte da Transerp. “Nos reunimos para apresentar alternativas para esta medida porque queremos participar da melhora do trânsito no Centro. Mas, a empresa já chegou com cálculos prontos e não houve conversa”, explica Lopes.
O empresário chegou a sugerir à Transerp, durante reunião, que o estacionamento fosse proibido somente nos horários de maior movimento dos ônibus.
Escassez de vagas
Para Paulo César Garcia Lopes, a região central de Ribeirão Preto já enfrenta uma escassez de vagas de estacionamento. Por outro lado, ele cita, há o aumento de 200% na tarifa das vagas da Área Azul. Ele tem que tais medidas possam afastar os consumidores do centro, no momento em que o comércio da região mais precisa de incentivo.
Leia também: Prefeitura aumenta em 200% tarifa das vagas da Área Azul
“Há uma campanha para atrair consumidores ao Centro para as compras do Natal e do Fim do Ano – que é também uma oportunidade de recuperação para este ano de crise –, juntamente com a possível inauguração da revitalização do calçadão, mas, com esta medida haverá uma certa dificuldade”, comenta o presidente da Sincovarp.
O empresário aponta ainda o aumento no valor de estacionamentos particulares – que hoje varia entre R$ 6 e R$ 8 a hora no Centro e que, segundo ele, geralmente este valor fica 10% mais caro nesta época.
A solução para a retirada das vagas no Centro, apresentada à Transerp pelo presidente da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto, Antônio Carlos Maçonetto, seria a fiscalização da Área Azul. "Hoje a pessoa estaciona o carro às oito horas da manhã e só sai às cinco horas da tarde sem pagar pela utilização da vaga. Com a fiscalização aumentaria a rotatividade", analisa.
Ponto de vista
Para o engenheiro especialista em Trânsito e professor titular da USP de São Carlos, “Coca” Ferraz, a iniciativa da Transerp, de valorizar o transporte coletivo, é a mais correta a curto prazo. Contudo, ele cita, a médio e longo prazo, os comerciantes devem investir em um sistema de estacionamento para seus clientes.
Luiz Gustavo Corrêa, especialista em planejamento e gestão de Trânsito, reforça que a medida da Transerp garantirá a fluidez do transporte coletivo na região central de Ribeirão Preto. Sobre o desconforto gerado, Corrêa afirma que os lojistas deveriam pensar em atrair pessoas ao invés de carros. “A medida da Transerp é a correta, mas esta ação, de maneira isolada, não resolve. O transporte coletivo precisa ser mais atraente para que as pessoas deixem seus carros em casa para ir ao Centro de ônibus”, aponta.
Atrasada
Certificado pelo Observatório Nacional de Segurança Viária, Luiz Gustavo Corrêa afirma que as faixas preferenciais em Ribeirão Preto foram implantadas com atraso. “Em relação a cidades do mesmo porte, como Londrina (PR) e Belo Horizonte (MG), por exemplo, a cidade está uns dez anos atrasada”, diz. “Entendo que muita coisa depende da verba do PAC. Mas, por que só agora? A cidade está sofrendo com a falta de planejamento viário por conta desta demora” completa o especialista.
Revide on-line
Bruno Silva
Fotos: Ibraim Leão
