Medo do offline

Medo do offline

Transtorno típico do século XXI, a nomofobia está associada a males como a ansiedade e a baixa autoestima

O termo nomofobia tem origem na expressão “no mobile”, que significa “sem celular” em inglês”, e a palavra grega “fobos”, que quer dizer medo. Essa condição é associada a aspectos desenvolvidos pela ansiedade, já que juntas as duas causas se tornaram um novo mal do século XXI. A pandemia e a dependência cada vez maior de dispositivos móveis fizeram com que os celulares se tornassem objetos essenciais para o bem-estar, quase como extensões do próprio corpo.

 Diante desse cenário, os aparelhos tecnológicos ganharam força e se consolidaram como algo essencial, para estudos, trabalho, diversão e lazer. Com tamanha facilidade de acesso e uma grande quantidade de informações, em poucos segundos, foram constatados que esses dispositivos poderiam gerar grandes riscos à saúde humana, despertando sentimentos de vulnerabilidade, em quesitos sociais e emocionais, desenvolvendo aspectos negativos ao convívio social. Segundo o psicólogo, Felipe Areco, a nomofobia vai além do medo de se sentir incomunicável.

“Se pensarmos no aspecto orgânico, podemos transpirar, ter tremores e dependendo da situação até ter um ataque cardíaco”, explica Areco. Essa dependência patológica do celular pode surgir quando a pessoa cria relações somente no ambiente virtual. Como consequência, ela se preocupa somente com interações virtuais, como quantidade de curtidas e visualizações, esquecendo de valorizar o contato humano e presencial. Areco acrescenta que uma das maiores consequências que a nomofobia pode gerar é a baixa autoestima, que acarretam em sérios danos à vida social e profissional. “Quando falamos de um adulto, isso pode acarretar uma queda no rendimento e na produtividade dessa pessoa, uma dificuldade extrema de concentração e irritabilidade por qualquer situação que aconteça, além de mudanças repentinas de humor”, explica.

O psicólogo acrescenta que transtornos como esses, podem ser notados por meio do próprio comportamento, já que com essa dependência a pessoa pode desenvolver até um quadro depressivo, déficit de atenção, hiperatividade ou uma fobia social. “É importante dizer que tudo deve estar associado a uma avaliação médica e uma avaliação psicológica. Além de uma rede de apoio de pais e familiares. Geralmente, essas pessoas passam a evitar alguns locais que, por exemplo, não ofereçam acesso à internet, como, chegar ao restaurante ou chegar em uma cafeteria, e já questionar se nesse local tem Wi-Fi”, exemplifica.

A nomofobia pode ser encontrada em pessoas de todas as idades, mas em crianças e adolescentes gera danos mais severos, principalmente nos aspectos de socialização. Com isso, é necessário que a família crie uma rede de apoio para ajudar no tratamento. Ademais, uso excessivo dos aparelhos eletrônicos na infância pode comprometer e atrasar o processo de socialização e aprendizagem da criança, como explica a pedagoga Letícia de Oliveira Santana. “Essa superexposição restringe as possibilidades interacionais das crianças. Habilidades como atenção, concentração, memória e resolução de problemas ficam prejudicadas na infância. Comportamentos como ansiedade, agitação, agressividade e impulsividade são comuns em crianças que fazem uso excessivo de celulares”, explica Letícia. 


Foto: Pixabay

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