
RPG tem atraído cada vez mais jovens para diversão e sociabilidade longe dos computadores
Um hobby com 50 anos e que tem como principais materiais lápis, papel e dados une públicos de todas as idades
Em um mundo dominado pela diversão online, o RPG (Role-Playing Game) se destaca por oferecer uma experiência baseada na imaginação, criatividade e interação entre os jogadores, que constroem juntos a história. Em Ribeirão Preto, grupos como o RP² têm levado o hobby a novos públicos. O agente de viagens Filipe Silva, um dos fundadores do grupo, percebeu, em 2018, que muitas pessoas interessadas em RPG não se conheciam. Por isso, começou a organizar encontros na livraria onde trabalhava.
"Nosso lema é: venha conhecer RPG jogando", comenta Filipe. Ele acredita que o jogo é especialmente atraente para as novas gerações por sua flexibilidade e pela interação pessoal. "No RPG, você tem total liberdade", diz ele, destacando que, ao contrário dos jogos online, onde as escolhas podem ser limitadas, o RPG de mesa permite que os jogadores moldem o jogo conforme suas próprias ideias.
Para Dagny Fischer, consultora em informação gerencial e veterana no RPG, o maior atrativo é a convivência. “A época é digital, mas nossa espécie continua a mesma. Somos seres sociáveis e o RPG dá oportunidade de relacionar-se com pessoas que compartilham interesses e, principalmente, têm índole cooperativa ao invés de competitiva. Assim, mesmo pessoas que nunca se viram antes sentem-se tranquilas para passar algumas horas juntas, sem pressão por desempenho”, pontua.
Dagny também destaca a variedade de sistemas e a maior divulgação atual, o que ampliou o público e tirou o estigma de que o “RPG é um hobby só de nerds”.
Filipe Silva em mais um encontro do grupo RP²
PARA TODOS OS GOSTOS
O RPG (Role-Playing Game) surgiu nos anos 1970, com o lançamento de Dungeons & Dragons (D&D), criado por Gary Gygax e Dave Arneson. Baseado em jogos de miniaturas e batalhas, D&D introduziu a ideia de os jogadores interpretarem personagens e viverem aventuras em mundos imaginários, sob a direção de um mestre de jogo.
Nos anos 80 e 90, a maioria dos livros de RPG disponíveis no Brasil eram importados e os títulos limitados. Desde então, o RPG se expandiu para diversos gêneros e sistemas, tornando-se um dos hobbies mais populares do mundo. Atualmente, títulos nacionais como Tormenta e Ordem Paranormal estão entre os preferidos dos jogadores.
O RPG surgiu nos anos 1970 com Dungeons & Dragons, evoluiu globalmente, chegou ao Brasil com títulos importados nos anos 80 e 90 e, hoje, conta com diversos sistemas e jogos nacionais populares.
ENTREGA AO PERSONAGEM
Leonardo Estevão Beloube, estudante de 19 anos, entrou no RPG em 2020 por influência de amigos e se apaixonou pelo hobby, especialmente pelo sistema Ordem Paranormal e Dungeons & Dragons 5ª edição. Com o tempo, passou de jogador a mestre, comandando mesas em eventos e campanhas próprias. O que mais o atrai no RPG é a liberdade criativa e a imersão nas interpretações.
"Eu gosto muito do aspecto de role play, eu me entrego de corpo e alma nos personagens que eu interpreto, NPC ou PC, quando eu atuo, eu não sou mais eu, sou o meu personagem, e isso me agrada muito.", comenta.
IMPROVISO
O estudante Enzo Theodoro Ary Romolo, de 19 anos, se apaixonou pelo RPG ao acompanhar o irmão jogando Dungeons & Dragons, mas só começou a jogar em 2023, quando criou sua própria campanha no sistema brasileiro Ordem Paranormal, seu favorito por unir suspense, investigação e valorizar a produção nacional.
"A narrativa se desenrola de forma imprevisível, muitas vezes tomando rumos que nem o próprio criador da trama imaginava, o que gera uma atmosfera de improvisação e mistério capaz de envolver todos os participantes. Além disso, o que considero mais valioso é a oportunidade de compartilhar esse momento com os amigos", ressalta Enzo.
"A narrativa se desenrola de forma imprevisível, muitas vezes tomando rumos que nem o próprio criador da trama imaginava", explica Enzo
EMOCIONANTE
Otávio Biagioni Melo, 19 anos, estudante de Ciência da Computação, iniciou sua jornada no RPG em 2020, quando mestrou sua primeira campanha de mistério no sistema Call of Cthulhu durante a pandemia. Inspirado por séries como Stranger Things e Gravity Falls, além das campanhas de Ordem Paranormal, Otávio se apaixonou pelo gênero de terror e mistério, que se tornou seu favorito. Ele aprecia tanto a parte mecânica — criação de personagens, estratégias e combates — quanto o aspecto interpretativo.
"Sou fã principalmente do aspecto interpretativo do RPG, afinal, é um jogo que depende dos jogadores para se desenvolver, quando todos estão imersos na história e interagindo como seus personagens as emoções sentidas no jogo são muito intensas e reais. Durante uma campanha, podem acontecer momentos muito engraçados, tensos ou tristes, mas, com certeza, momentos que vocês vão lembrar por muito tempo. ", explica Otávio.
Foto: Acervo pessoal