Autoridades criam projeto de capacitação contra violência doméstica em Ribeirão

Autoridades criam projeto de capacitação contra violência doméstica em Ribeirão

Uma juíza, uma delegada e uma psicóloga vão instruir profissionais da beleza a como reagir e orientar mulheres vítimas de maus-tratos

Em Ribeirão Preto, três autoridades criaram o projeto “Maria Bonita”, que visa a capacitação de profissionais de beleza da cidade em questões relacionadas à violência doméstica e à Lei Maria da Penha. O trabalho foi desenvolvido pela juíza Carolina Moreira Gama, pela delegada titular da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), Luciana Renesto, e pela psicóloga e Coordenadora do Núcleo de Atendimento Especializado à Mulher (Naem), Laura Aguiar.

O trabalho é feito em consideração aos profissionais deste ramo que recebem muitas notícias e sinais da própria clientela. De acordo com a juíza, notou-se a grande chance de que eles possam ser orientados para o auxílio dessas mulheres.

O primeiro workshop do projeto ocorrerá nesta segunda-feira, 19 de agosto, das 9h às 12h, no Tribunal do Júri do fórum de Ribeirão Preto, e haverá a concessão de certificado para os participantes.

“Com o envolvimento deles em rede, a ideia também é de que possam atender, de forma gratuita ou em voluntariado, mulheres vítimas que também precisem de tratamento estético por conta de sinais ou vestígios de violência sofrida. Alguns profissionais de salões de diversos bairros da cidade, receberam carta-convite para suas participações, mas as inscrições estão abertas a quaisquer outros interessados”, diz Carolina.

Carolina é uma das fundadoras do Projeto Maria Bonita

Para ela, a intenção é que isso possa refletir na divulgação da rede de serviços e do empoderamento da mulher, inclusive no incremento de denúncias de violências e, principalmente, o fortalecimento dela perante os mais próximos e, entre eles, está a profissional de beleza que possa atendê-la, por exemplo. 

“Caso a vítima esteja disposta a buscar ajuda, ele pode indicar para ela todos os serviços e meios para isso, entre eles o da lavratura do boletim de ocorrência. Importante dizer que o caminho para o fim da violência doméstica não é apenas o da criminalização, ou seja, na cidade existem vários outros recursos para as mulheres que querem proteção, ou mesmo medidas judiciais protetivas, mas não querem ver os autores processados, em ação penal. Isso também é possível e é importante que essa informação chega até a mulher” conta. 

Espaço

A delegada Luciana Renesto explica que muitas mulheres passam por isso e não sabem como agir, mas querem apenas um local para desabafar. “Quando as mulheres dão a sorte de descobrir que sou delegada, elas vêm falar comigo e com a Carolina também. Mesmo sem me conhecer, elas desabafam e eu consigo ajudar, mas eu noto que as funcionárias do salão não sabem como agir. Essa é a razão da capacitação, já que estes locais são frequentemente agrupados por mulheres”.

Luciana pretende capacitar profissionais de beleza de toda cidade

Luciana conta que é procurada até por redes sociais sobre como agir. “As pessoas me procuram de várias maneiras. Isso me faz pensar que é importante que a gente não limite o espaço e consiga falar sobre o assunto. Violência doméstica é um problema de todos, não só de quem é vítima”.

Por fim, a coordenadora do Naem diz que este é o início de um caminho. “Acredito que todo trabalho de orientação, sensibilização e prevenção, contribui para diminuir a violência, e que a informação poderá ampliar possibilidades de enfrentamento objetivando cessar a vivência de violência sofrida por mulheres”.

Laura comanda o Núcleo de Atendimento Especializado à Mulher

Para ela, a proposta do Workshop é que o profissional, por meio de uma postura empática, informe sua cliente ou amiga sobre possibilidades de enfrentamento e os serviços oferecidos no município. “Em caso mais graves, ele mesmo pode entrar em contato com o Naem para que a vítima seja atendida”, conclui Laura.





 


Foto: Divulgação e Acervo Revide

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