Número de casos de violência doméstica em Ribeirão Preto ainda é alto
Dependência financeira e medo de denunciar o agressor levam à subnotificação dos casos

Número de casos de violência doméstica em Ribeirão Preto ainda é alto

Dados disponibilizados pelo Naem mostram uma leve queda, mas que não reflete a realidade

O número de casos de violência doméstica atendidos pelo Núcleo de Atendimento Especializado à Mulher (Naem), em Ribeirão Preto, apresentou uma leve queda em 2022. Enquanto em 2021 foram registrados 810 atendimentos, no ano passado foram 745, segundo informou a Secretaria de Assistência Social do município. Não é, no entanto, uma notícia a ser comemorada.

 

“Tivemos uma queda no número de atendimentos do Núcleo, mas acredito que isso não reflete a realidade, inclusive aquela existente nas instituições que recebem os casos como a Delegacia de Defesa da Mulher e a Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher”, oberva Patricia Tedeschi, coordenadora do Naem. Segundo ela, ainda há casos aguardando atendimento, o que pode explicar essa leve queda.

 

Desde a criação do Núcleo, em 2017, o maior número de casos de violência doméstica (814) foi registrado em 2020, auge da pandemia de Covid-19.

 

“A procura foi maior e a flexibilização dos atendimentos, sendo feitos por telefone por conta do distanciamento social, facilitou o acesso das vítimas ao Núcleo. Nos anos seguintes esse número foi reduzindo, mas ainda não conseguimos analisar os motivos dessa redução”, explicou.

 

Patricia disse ainda que, após a quarentena, os casos de violência contra a mulher se tornaram mais graves, o que pediu uma maior atenção por parte dos profissionais do Naem. O Núcleo faz um atendimento psicossocial às vítimas e suas famílias com profissionais como psicólogo, assistente social e terapeuta ocupacional.

 

“Quanto a vítima chega, detectamos quais são as suas necessidades como, por exemplo, uma medida protetiva ou se houve o descumprimento da mesma. Há também atendimento terapêutico se essa for a demanda da mulher e sua família”, frisou.

 

A coordenadora do Naem ressalta que a violência contra a mulher não é apenas física, mas também psicológica, emocional e financeira, entre tantas outras. Na quase totalidade dos casos, a mulher é alvo de mais de um tipo de violência.

 

“A violência psicológica cresceu muito nos últimos anos quando passou a ser considerada crime. Acho que isso também contribuiu para uma maior procura por ajuda por parte das vítimas”, disse Patricia.

 

Informação, portanto, é fundamental para se reconhecer vítima de violência e, a partir daí, procurar ajuda.

 

“A maioria das mulheres, por não ter informações suficientes, desconhece estar em uma situação de violência. A dependência as leva à condição de vítima e essa não é uma realidade apenas de Ribeirão Preto, mas faz parte de um cenário nacional”, salienta Adria Bezerra Ferreira, presidenta da Casa da Mulher, instituição ribeiraopretana que promove o apoio jurídico, psicológico, qualificação e encaminhamento às mulheres vítimas de violência.

 

De acordo com Adria, a falta de conhecimento e a desinformação não permitem à mulher, especialmente aquela em vulnerabilidade social, enxergar um futuro para si e para seus filhos, uma situação particularmente comum nas comunidades mais periféricas.

 

“Fazemos o que chamamos de busca ativa, nas comunidades e favelas, com rodas de conversa, muito esclarecimento e orientação. Sabemos que estamos levando para essas mulheres informações importantes para a sua sobrevivência”, concluiu.

 

Deixar esse ambiente de violência, no entanto, é um longo caminho que envolve muita dedicação, paciência, conscientização, suporte e direcionamento de todos os envolvidos. É uma mudança de vida permeada por angústias, insegurança e medo, especialmente em relação ao futuro dos filhos. Mas muitas conseguem sair graças ao trabalho das instituições. Se reconhecer vítima de violência é o primeiro passo. Buscar ajuda é o segundo.

 

Conheça alguns canais de atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica em Ribeirão Preto:


- Urgência e Emergência
Polícia Militar (190 ou 3632-4747) ou Guarda Civil Metropolitana (153)

 

- Patrulha Maria da Penha

Fone: 153 ou (16) 3632-4747

 

- Delegacia de Defesa da Mulher
Avenida Costábile Romano, 3230 – Nova Ribeirânia
Fone: (16) 3610-4499
E-mail: [email protected]
Funcionamento de segunda à sexta-feira, das 8h às 18h

 

- Naem
Rua João Arcadepani Filho, 400 - Nova Ribeirânia.
Telefones: (16) 3636-3311 e (16) 3603-1199
E-mail: [email protected] 
Horário de atendimento: segunda a sexta-feira, das 8h às 17h

 

- Defensoria Pública
Formulário disponível no site: www.defensoria.sp.def.br
WhatsApp: (11) 94220-9995
Telefone: 0800-773 4340 (de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h)

 

- Anexo de Violência Doméstica
Prédio do Fórum – atendimento de segunda à sexta-feira, das 12h30 às 19h
E-mail: [email protected]


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