Da Psicologia (ou o que ela não é)

Da Psicologia (ou o que ela não é)

O Conselho Federal de Psicologia emitiu uma Nota de Repúdio acerca de declarações do padre Marcelo Rossi a respeito do profissional psicológo, em entrevista em 12 de novembro de 2015. Nesta, o entrevistado define o psicólogo como "aquele que dá conselhos". A nota convocou os profissionais a refletirem acerca de modos furtivos de preconceitos e resistências em relação à psicoterapia. 

É importante ressaltar, tal qual apresenta a nota, que a Psicologia se constitui como uma ciência sustentada por teorias, as quais amparam métodos orientados pela ética profissional. Há que se convocar os profissionais também para sustentarem tal prática, a partir de uma atuação profissional responsável e ética, comprometida socialmente.

Ao profissional também cabe informar, orientar e difundir, no fazer diário de seu trabalho, os princípios científicos e práticos de sua área, contribuindo para disseminar esse campo de conhecimento enquanto ciência e profissão, tal qual adverte o Código de ética profissional. Ao passo que se busca uma popularização do acesso à Psicologia, seja por meio dos serviços oferecidos, seja através da comunicação do corpo de conhecimento em que se fundamenta, deve-se buscar uma divulgação sem, contudo, descaracterizá-la enquanto ciência, sendo, portanto, alicerçada em pesquisas científicas.

Nesse sentido, cabe ao profissional da área divulgar, comunicar, fornecer informações e acesso a conhecimentos científicos  - e demonstrar por meio de uma conduta orientada pela ética profissional! - o que é a Psicologia, o que o profissional faz, estuda, como e em que contexto atua. Esse deve ser um compromisso que deve ser assumido por cada psicólogo, compreendendo a sua importância e difundindo a ciência da Psicologia.

Lisiane Bizarro, professora e pesquisadora da UFRGS, ao ser convidada a discursar a respeito da psicologia da vida cotidiana e sua divulgação como ciência, ressalta que a disseminação de conhecimentos dessa área se relaciona a uma democratização do conhecimento científico acerca de quem nós somos. Possui contribuições para o cotidiano que teriam mais relevância em relação até mesmo ao que se ensina no contexto escolar atual. Para a pesquisadora, compreender a forma como percebemos, pensamos ou mesmo como lidar com situações ou sentimentos que experienciamos são mais substanciais do que muito conteúdo que pouca conexão encontra com a realidade.

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