Demasiadamente humano

Demasiadamente humano

Mal toleramos as transições. Esperamos e desejamos permanência, e não transformações que se sucedem - para onde vão? Queremos estado e condição permanentes, sem sustos, sem surpresas, sem renúncias, abrigo e lar vitalícios, uma conquista que não se desfaz nem se perde.

Tememos o transitório, o mesmo transitório que é a vida. Imaginamos controle, fantasiamos evitar e acreditamos que é só desejar, e, assim, acontece. Até que, querendo, desejando, tentando, simplesmente não acontece. Mas não era só desejar? Não se tinha o controle? 

Ganhamos idade (espera-se maturidade), tornamo-nos adultos, conquista permanente ou estado de mente? Tal qual a um estado, diferente de uma condição, ora se perde, ora se recupera, podendo novamente perdê-lo, ladeira abaixo... Mais ou menos possibilidade de se pensar, tolerar, sentir e conter dentro de si para se lidar e se conviver com a realidade, com a frustração, podendo dela fugir ou modificá-la. 

Ser (mais) um humano, viver na Terra, na justa medida da potência, nem onipotente, nem onisciente, nem onipresente... Tudo isso é humano, demasiadamente humano.

Compartilhar: