Dieta e fertilidade

Dieta e fertilidade

É fato que a população brasileira tem aumentado de peso. Se há alguns anos, lutávamos contra a desnutrição, hoje a luta é travada contra a obesidade. É bom demais comer! Eu diria que é um dos maiores prazeres da vida. Então é muito fácil cair nas tentações da gula, principalmente quando, a cada dia, é mais fácil ter acesso ao alimento. Se você estiver com fome, ou com uma vontadinha de comer algo, basta pegar o telefone e discar. E, zapt, a comida será levada até você.

Se também você estiver no carro, em meio a um engarrafamento, basta esperar o trânsito melhorar em uma das várias unidades de restaurantes fast food que se espalham pelas cidades. Ou mesmo parar em um posto de gasolina, já que a maioria tem lojas de conveniência que são verdadeiras armadilhas para quem está de dieta.

Já discuti anteriormente a questão de nosso estilo de vida com a infertilidade. É possível que muito do que comemos esteja relacionado a isso. As nutricionistas funcionais, que sempre acreditaram que “somos o que comemos”, vêm hoje indicando dietas com restrição de glúten para quem tem endometriose e restrição de carboidratos para melhorar as taxas de implantação. A intenção é boa, mas ainda não existem indícios científicos de que o glúten tenha que ser cortado da dieta de pessoas normais sem intolerância comprovada ou doença celíaca ou que os carboidratos devam ser banidos. O mesmo se diz em relação à lactose, muitas vezes considerada vilã por alguns.

É lógico que se uma pessoa está cheia de gases e sente indisposição gástrica depois de comer um pãozinho francês e melhora sua qualidade de vida tirando o glúten de sua dieta, quem sou eu para contraindicar essa orientação. Há, no entanto, uma confusão sobre a influência da dieta sobre o sistema reprodutivo. Pessoas obesas apresentam sim menores chances de gravidez espontaneamente ou em ciclos de Fertilização in vitro, por isso deve-se incentivar a perda de peso antes de se começar um tratamento. Muitas pacientes obesas que não ovulam, passam a ovular depois de perder 5 a 10% de seu peso corpóreo e podem, inclusive, engravidar sem tratamento. Além disso, a perda de peso é crucial para o bom desenvolvimento do embrião e uma gestação mais saudável. Isso sem falar do parto.

Isso não quer dizer, no entanto, que pessoas com peso adequado devam, além da pressão do tratamento em si, perseguir um padrão estético ou modismos que prometem o filho tão desejado. Tirar o glúten não fará uma mulher engravidar.

O conselho que dou para as mulheres que leem esse texto: verifique  2 pontos: 1) se seu peso está adequado para sua altura e 2) se possui sintomas alimentares. Caso seu peso não esteja adequado ou possua problemas alimentares, procure um bom nutricionista. O acompanhamento nutricional pode ser feito antes ou durante o tratamento para engravidar. Pessoas com diagnóstico de Ovário Policístico e Hipotiroidismo também devem ter acompanhamento nutricional, porém conforme orientação do médico que realiza seu tratamento.

Em linhas gerais, procurar ter uma dieta balanceada, mais natural possível, realizar exercícios físicos regularmente, dormir boas horas de sono e não fumar são os conselhos de minha avó e de todo médico e que não mudam para quem quer engravidar. 

Compartilhar: