Transplante de Útero

Transplante de Útero

Em outubro do ano passado, nasceu o primeiro bebê de um útero doado. Isso mesmo. Uma pesquisa realizada na Suécia selecionou mulheres sem útero ou com malformações uterinas para receberem o órgão de doadoras. As pacientes que conseguiram manter o órgão doado – algumas tiveram complicações ou rejeição e tiveram que retirar o útero – receberam embriões provenientes de Fertilização in vitro. Assim, nasceu o primeiro bebê de útero transplantado da história da Medicina. Apesar de o útero doado ser de uma mulher de 61 anos, a gestação transcorreu sem maiores problemas e mãe e filho passam bem.
Trata-se de um grande passo na Reprodução Humana Assistida. Imagine ser uma mulher incapaz de gestar um bebê e ter que recorrer à ajuda de outra para ser mãe. Algumas têm a sorte de contar com uma parenta que aceita a gestação de substituição. Mas muitas acabam não conseguindo realizar o sonho ou, no desespero, procurando pessoas que comercializam, ou seja, “alugam” o útero. Aqui no Brasil isso é ilegal - apenas parentes de até 4º grau podem gestar para uma mulher que não tem útero ou condições uterinas adequadas, -  mas ocorre sabidamente.  O transplante de útero diminui esse problema e suas repercussões sociais, pois querendo ou não, trata-se de uma situação complexa do ponto de vista psicológico e familiar.
O que se discute agora é o risco de complicações para a doadora do útero. Ora, qualquer doação de órgão possui riscos. Mas qual a mãe que não seria capaz de doar seu útero para uma filha incapaz de gestar?  Muitas seriam capazes de gestar ainda que em idades mais avançadas e com risco obstétrico elevado.  Mãe é mãe, não é mesmo?
Também para a própria paciente, há um risco grande de o útero transplantado ser rejeitado – algo que pode ser minimizado no caso de irmãs ou mães doadoras – e do que pode ocorrer no transcorrer da gestação, uma vez que o útero precisa hipertrofiar até os 9 meses de gestação. O primeiro bebê nascido veio ao mundo prematuro, porém saudável. Além disso, é possível se retirar o órgão após o parto e encerrar o uso de imunossupressores, algo não possível para um rim ou coração. Enfim, demos mais um passo. Que continuemos a caminhar.

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