Aquilo que se vê

Aquilo que se vê

Sempre carreguei comigo o ideal de uma vida de resiliência, sem espaço para desistir diante dos obstáculos, por piores que sejam. Acho que, por conta dessa crença, transpareço uma personalidade um tanto dura, que parece, por vezes, ser inabalável frente às dificuldades. A verdade é que nem sempre o impacto do golpe passa incólume — embora o baque nem sempre seja perceptível.

Talvez por batalhar muito pelos princípios e projetos que defendo e em que acredito, muitos colegas e amigos próximos veem em mim uma “solucionadora profissional”, tendo certeza de que sempre terei à mão uma resposta ou uma saída para os desafios que surgem no caminho.

Nos últimos tempos, parei para refletir sobre a imagem que deixamos que sejam formadas sobre nós e como os outros nos veem, a despeito do que cada um constrói em sua própria personalidade. Podemos achar que pequenas atitudes não têm importância, mas, no fundo, qualquer ação pode afetar o outro positiva ou negativamente, já que é impossível saber qual o tipo de personagem criado a partir daquilo que demonstramos.

Desde o início dos tempos, o ser humano busca sustentação em crenças e naquilo que o fortalece. O apego à religião, a ídolos ou qualquer tipo de fé que se estabeleça pode ser um grande aliado na hora de passar por um mau momento ou de superar alguma intempérie que surja. Os exemplos que temos ao nosso lado também podem ser grandes incentivadores da volta por cima ou da confiança para um projeto conjunto.

Por mais que eu acredite na virada de qualquer jogo, é certo que as condições nem sempre sinalizam para um resultado positivo, mas tenho a impressão de que minha perseverança contagia, de forma positiva, quem está perto. Lutar até a última potência pode ser uma atitude incentivadora para os que estão ao lado. Mesmo quando o resultado é negativo, a tentativa pode ter um peso maior do que a vitória.

Nem sempre temos como saber se o outro está sofrendo, se está feliz, se realmente acredita naquilo que diz ou que faz. Criamos nossas imagens a partir daquilo a que temos acesso e podemos fomentar um comportamento que se fortalece pelas crenças.

Fico feliz de colegas e parceiros verem em mim tanta resiliência, que, no caso, posso garantir ser genuína. Não compro brigas em que não acredito nem luto por aquilo que não acho importante. Tenho convicção de que ter princípios bem arraigados pode fazer a diferença no andamento de qualquer projeto.

É por isso que reflito sobre a importância daquilo que projetamos no outro e em quanta responsabilidade podemos ter na liderança de qualquer iniciativa. Não desistir daquilo que acreditamos pode ser maior do que a luta: pode incentivar quem está perto e isso faz uma enorme diferença. 

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