Brigar por acreditar

Brigar por acreditar

Desde 1986, tenho me dedicado ao projeto da revista Revide. Nesses últimos anos, muita gente passou por aqui, trabalhando conosco. De jornalistas a contatos publicitários, recepcionistas, pessoas no administrativo, entregadores, uma gama enorme de pessoas que  ajudaram na trajetória da revista, colocaram um tijolo na construção desta casa.

Sou muito grata a todos que passaram por aqui e que dedicaram um tempo das suas vidas a esse trabalho que se tornou um eixo fundamental na minha vida. Afinal, são 35 anos de muito trabalho, de muita luta, de alegrias, de tristezas, os mesmos ingredientes de como é feito a própria vida.

Além dos companheiros desta jornada, também tivemos muitos patrocinadores ao longo desses anos, muitos que ainda anunciam seus produtos e serviços desde a primeira edição. Neste tempo passado, também vi o nascimento e morte de muitas empresas, o sonho de empreender de muita gente. Assisti a políticos que tiveram poder e que hoje vivem no anonimato, porque não entenderam que estavam no poder, mas não eram o poder, que se confundiram com o cargo.

Uma das poucas certezas que tive durante toda essa história é que sempre gostei do que fazia, sempre acreditei que o trabalho realizado pela nossa equipe teria relevância na cidade. Claro que nos percalços enfrentados, travei muitas discussões com pessoas que tentaram desqualificar o nosso trabalho, minimizar o esforço que é fazer jornalismo numa cidade do interior do país.

Muitas vezes, fomos mais reconhecidos pelo que estamos produzindo, muito mais  fora daqui do que pelos leitores que consomem diretamente o que estamos fazendo. O famoso santo de casa que não faz milagres. Hoje, já não me impacta tanto, porque o tempo vai ensinando a dar o devido tamanho aos fatos, as pessoas e ao que realmente importa. Acho que aprendi a ser mais estoica, o que tenho controle é apenas pelo o que eu faço, penso e reajo. Muitas vezes, até perco o controle quando me sinto desafiada, desrespeitada naquilo que considero importante. Esse estado de espírito me faz pensar no filósofo Aristóteles, é muito difícil buscar o justo meio, mas necessário buscar esse equilíbrio.

Se até Jesus perdeu a paciência com os vendilhões do templo, não serei a única a brigar por aquilo que considero justo e certo. Por conta desse jeito assertivo, já fui considerada grossa e difícil, talvez seja mesmo, mas o que tenho como certeza é que precisei brigar muito para que respeitassem o nosso trabalho. Enquanto acreditar no que eu faço, continuarei brigando pelo que acredito.

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