Contra o achismo

Contra o achismo

Impossível não se afetar, minimamente que seja, pelo período em que estamos vivendo. A pandemia do novo coronavírus, que transformou hábitos e rotinas em poucas semanas, não tem precedentes na história atual. É certo que grandes epidemias, como a Gripe Espanhola e a Peste Bubónica, devastaram parte da população, mas nunca tivemos tanta informação nas mãos sobre o problema quantas temos atualmente.

Sempre acreditei — e por isso investi tanto esforço na Revide — que a boa informação pode ser transformadora e uma importante ferramenta para todos nós. Com informação, podemos questionar dados e refutar afirmações, construindo uma sociedade de cidadãos esclarecidos.

Esse otimismo, contudo, é ofuscado por certa desesperança quando observo a maneira como jornalistas têm sido agredidos e hostilizados justamente em um período em que o trabalho da imprensa é fundamental.

Vivemos um momento em que as crenças valem mais do que os fatos — e precisamos, mais do que nunca, deixar claro que não se contesta a ciência com achismos. Aquilo que pensamos se transformou em verdade absoluta, simplesmente por acreditarmos e não por corresponder à realidade.

O compartilhamento dessas crenças — e, pior, de notícias falsas, sem embasamento — prejudica a sociedade, como aconteceu com os movimentos anti-vacina, que reduziram a cobertura de imunização para diversas doenças a partir de argumentos mentirosos e fizeram ressurgir doenças erradicadas, como o Sarampo.

Nesse momento delicado em que vivemos, precisamos, fundamentalmente, de informações que correspondam à realidade e que nos ajudem a tomar decisões e atitudes que possam, de fato, colaborar com a superação do problema.

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