Em busca de recomeços

Em busca de recomeços


“Se eu pudesse deixar algum presente a você, deixaria aceso o sentimento de amar a vida dos seres humanos. A consciência de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo agora. Lembraria os erros que foram cometidos para que não mais se repetissem. A capacidade de escolher novos rumos. Deixaria para você, se pudesse, o respeito àquilo que é indispensável: além do pão, o trabalho, além do trabalho, a ação. E quando tudo mais faltasse, um segredo: o de buscar no interior de si mesmo a resposta e a força para encontrar a saída” 

Mahatma Gandhi


Sempre penso sobre o ditado gaúcho que diz que cavalo encilhado não passa duas vezes na vida. Acho que nossa existência é longa para termos apenas duas oportunidades. Imagine como seria triste viver apenas dois momentos em que podemos tomar atitudes, de fato, determinantes.

Tendo a acreditar na possibilidade de incontáveis começos e recomeços ao longo de nossa trajetória. Falta certa percepção daquilo que pode ser encarado como uma boa chance de fazer diferente, de tomar alguma atitude ou de mudar o rumo daquilo que vivemos.

Estamos, na maioria das vezes, tão ligados no modo automático da rotina que esquecemos de olhar para o que há de novo e de possível à volta. No livro A Grande Magia, Elizabeth Gilbert diz que a criatividade está em nosso entorno e o que precisamos é abrir a mente para recebê-la, reparando atentamente naquilo que nos rodeia e criando situações para que possamos refletir diante do que vivenciamos.

A história conta que a música Yesterday, interpretada pelos Beatles, surgiu de um sonho de Paul McCartney. A letra trata de um caso de amor que teve um sofrido fim. A desilusão também fez com que o sentimento aparentasse ser menor do que era, mas, apesar disso, a lembrança do “ontem” amenizaria a saudade.  

Certa feita, Paul acordou com a melodia na cabeça, foi para o piano e começou a tocar. Ele tinha dúvidas se a canção já existia e ele estaria plagiando inconscientemente. Pesquisou por cerca de um mês e até que toda a música estivesse concluída, com a certeza de que era inédita, demorou um semestre. 

A vida tem o mágico poder de nos dar condições de criar novas chances o tempo todo, mas nem sempre estamos atentos aos sinais — que podem ser muito sutis e, por isso, requerem certa percepção aguçada.

Precisamos abrir os olhos para uma vivência mais intensa, aproveitando o que a vida nos oferece, mesmo que para enxergar essa oportunidade precisemos abrir mais os olhos. Parece que estamos acostumados com o modo tecnológico e intuitivo de ter tudo, fácil e rapidamente, à mão. Para encontrar as boas oportunidades da vida é necessário baixar a guarda e observar o que ela tem a nos oferecer, também.

PS.: Uma dica: ouvir o mais recente CD da Adriana Calcanhotto, que além de ser uma excelente compositora e intérprete, consegue ser um belo exemplo de vida. Hoje ela mora em Coimbra, em Portugal, estuda Arqueologia e dá aulas. É uma pessoa em busca de novos conhecimentos e novos mundos, além de tudo o que já conhece. Com essas aptidões e esse olhar diferente, certamente terá muito mais condições de ser diferenciada no mundo da música. 


 

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