A guerra das narrativas
É difícil pensar que essas informações não sejam impactantes a qualquer pessoa. No dia 26 de fevereiro, foi confirmado o primeiro caso do novo coronavírus no Brasil. Em 17 de março, foi registrada a primeira morte oficial por conta da doença. No dia seguinte, o país registrava mais de 500 casos. Em 28 de abril — apenas dois meses depois da primeira ocorrência da Covid-19 por aqui —, foram totalizadas mais de 5 mil mortes e quase 80 mil pacientes contaminados.
Vivemos tempos incertos e preocupantes em todo o mundo, mas o Brasil conseguiu concentrar, simultaneamente, outras crises além da pandemia. Muitos saíram às ruas, desafiando o isolamento social, para protestar pela reabertura dos estabelecimentos. Vivenciamos um antagonismo entre a economia e a saúde, quando, na verdade, deveríamos pensar nas vidas como o denominador comum a todos os setores da sociedade. O governo federal decretou guerra contra a imprensa e empacamos em um quadro desolador.
Como compor tantos interesses difusos? Como construir um pacto nacional em meio a tantas más notícias? É certo que o diálogo é a principal saída democrática, mas esbarramos em intransigências, notícias falsas e contestações à ciência pelo achismo.
Talvez estejamos carentes de empatia e da escuta do outro. Falta compaixão para enxergar humanamente as estatísticas, tendo a certeza de que os números são vidas e que não podem ser interrompidas pela negligência de cada um de nós.
Nessa pandemia, quando protegemos a nós mesmos, também protegemos ao outro. E isso não vale apenas para o uso de máscaras e as formas de prevenção à doença, mas vale, também, para ofensa e desrespeito, que já podemos considerar endêmicos na sociedade.
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