Mulheres na política

Mulheres na política

Que desigual realidade a nossa, em que é preciso uma legislação que estabeleça o mínimo de mulheres candidatas em cada partido durante as eleições. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, mais da metade dos eleitores de Ribeirão Preto são mulheres, mas, em contraste, elas não são maioria em qualquer um dos partidos que disputam cargos na cidade.

Inicialmente, precisar de uma legislação para estabelecer uma proporção minimamente aceitável entre candidaturas femininas e masculinas (a lei prevê que o mínimo de mulheres seja de 30% em cada legenda) já é o principal sinal de que algo não vai bem na política nacional — e, sem fugir à regra, em nosso município, também.

Uma reportagem do Portal Revide sobre o perfil dos candidatos a um cargo no Legislativo municipal revelou que, dos 568 postulantes inscritos, apenas 32% são mulheres, um índice baixo, que tangencia, de forma geral, a proporção determinada pela lei.

Não é por falta de bons exemplos para nos inspirar no mundo. Durante essa pandemia, a chanceler alemã Angela Merkel tem se destacado na condução enérgica para combater a doença e recuperar o país. E o que dizer de Jacinda Ardern, a primeira-ministra da Nova Zelândia que se tornou sensação ao conduzir o isolamento social no país — o primeiro a zerar o número de casos da doença por um longo período? Por lá, Jacinda foi profundamente respeitada no cumprimento das determinações e o que foi orientado foi feito, resultando em um controle da pandemia não visto em qualquer outro lugar do mundo.

Por aqui, uma cultura machista tem espaço, e isso conseguimos perceber, inclusive, na forma como as divergências são tratadas: para destratar um homem, os adjetivos não são tão depreciativos quanto para destratar uma mulher, sempre apelando para palavras de baixo calão que as ofendem e as diminuem.

Nós, mulheres — mesmo as que não têm tanta familiaridade com a política —, temos de nos posicionar diante do cenário que está posto. Uma transformação se faz necessária para que possamos buscar a equidade entre o feminino e o masculino em um campo tão fundamental quanto a política. Aliás, alguém dizer que não gosta de política e por isso não se mistura às discussões a esse respeito não pode ser argumento de quem vive em um país como o Brasil, repleto de desigualdades e necessidades que requerem uma intervenção enérgica de gestores e administradores.

Está na hora de nós, mulheres, mostrarmos que podemos ser tão boas na condução de crises quando Angela ou Jacinda — e tantas outras que já passaram por cargos de relevância no mundo.

Que tal começar nessas eleições, em 2020, analisando o perfil das candidatas? O voto não deve ser só pelo sexo, mas, dentro dele, uma escolha consciente daquela com as melhores propostas e o perfil mais adequado ao que acreditamos. Devemos olhar com profundidade às nossas necessidades e começar a reverter o cenário tão desigual que se apresenta. Quem topa?

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