Nossos porquês

Nossos porquês

Qual a relevância do que faço na vida das pessoas? Qual o meu propósito? A vida que tenho merece ser vivida? O que eu faço me dá satisfação?

Essas perguntas me acompanham desde muito cedo. Naturalmente, hoje esses questionamentos têm outro viés, mas desde pequena achava importante ter um propósito na vida e saber qual seria o meu objetivo nesse mundo. 

Quis cursar jornalismo porque sempre acreditei que poderia encontrar, nessa área, um jeito de ajudar a deixar o mundo melhor. Contar boas histórias, mostrar bons exemplos, denunciar maus feitos e, principalmente, dar voz e rosto a quem não teve oportunidades na vida — aliás, sempre achei que a falta de oportunidades ou a desigualdade podem produzir o que há de pior em nossa sociedade.

Acredito, desde sempre, que o mundo seria melhor se tivesse mais equidade. Também sempre tive confiança na força do trabalho e não faço parte daqueles que acreditam que, se desejarmos com intensidade, vamos conseguir o que queremos. Acho que podemos até querer muito, mas se as condições forem desfavoráveis e não tivermos um cenário de oportunidades, não haverá formas de ter sucesso: as chances são, fundamentalmente, diminutas.


Conhecer profundamente aquilo que nos move é fundamental para termos ânimo e energia ao acordar todos os dias enfrentando os desafios que nos são colocados


Em meu caminhar, no entanto, pude constatar que é preciso ter um propósito na vida. Conhecer profundamente aquilo que nos move é fundamental para termos ânimo e energia ao acordar todos os dias enfrentando os desafios que nos são colocados.

Há 33 anos, encontrei na Revide um projeto de vida que considero como uma grande conquista. Em uma cidade do porte de Ribeirão Preto, consolidar uma revista semanal há mais de três décadas é tarefa árdua e difícil, que apresenta obstáculos diários, como a qualquer projeto, especialmente em um país de tanta instabilidade política e econômica. Inicio cada manhã com disposição para dar andamento ao que sonhei e me considero uma pessoa de sorte por poder trabalhar justamente com aquilo que gosto.

Em meio à crise que vivemos na comunicação, é fato que nem todos os dias são simples e que não há dificuldades que desanimem. Há, e muitas. Mercado retraído e a queda no número de leitores de veículos impressos com o avanço da tecnologia são questões que se colocam com frequência, exigindo respostas imediatas e muita resiliência de quem persiste.

Nesses momentos, é da certeza de que tenho um propósito que tiro forças. É com a consciência de que tudo aquilo que tenho construído ao longo de tantos anos foi feito na base de muita crença de que a cultura e a educação podem ser transformadoras. Além disso, sabendo que a informação pode formar uma sociedade bem instruída, também me fortaleço para insistir no jornalismo.

Estou certa de que essa é minha grande força motriz, a despeito das adversidades. Quanto mais procurarmos nos conhecer e descobrir aquilo que nos dá sentido à vida, melhor será a forma como lidamos com as intempéries e aproveitamos os dias que temos pela frente. 

Ilustração: @prosadecora

Compartilhar: