O futuro a nós pertence

O futuro a nós pertence

Desde que as transformações tecnológicas passaram a ser mais intensas, quem trabalha no mercado de comunicação acorda, dia sim e o outro também, com a cabeça fervilhando: até quando existirá o papel e por quanto tempo suportaremos a impressão e a distribuição de revistas e jornais impressos, em um cenário em que as plataformas digitais só crescem – ainda que não se remunerem completamente?

A atual crise das livrarias e editoras preocupa e ilustra essa transição de forma dramática: dívidas que só aumentam e não indicam, de forma objetiva, uma luz no fim do túnel. O atual modelo de venda de livros, a partir da consignação, já se mostra insustentável há algum tempo e as alternativas possíveis para uma sobrevida do mercado tardaram a chegar. Claro que tem muito a ver com nossos novos hábitos, pouca leitura, mas, sobretudo, uma tendência à reclamação e à procrastinação da busca por soluções.

No caso da Revide, algo que nunca fez parte da minha programação foi o desânimo e a falta de iniciativas que nos fizessem permanecer ativos e atuantes no mercado da comunicação. Temos o know-how da produção de uma revista há mais de 30 anos (coisa que parece simples, mas está um pouco longe disso). 

Em três décadas, trocamos de prefeitos, presidentes, vereadores, deputados e senadores. O país mudou, mudou de novo, mudou mais uma vez e segue em constante transformação. Novas pessoas nasceram, outras deixaram a vida. Conquistamos um espaço na história da região de Ribeirão Preto e documentamos, em mais de 940 edições, todos os grandes acontecimentos da nossa cidade.

Temos uma tradição um tanto desagradável no país, que é não valorizar a história e a memória. O passado, com o correr do tempo, ganha ares de museu e de algo desimportante. Esquecemos de dar o devido valor ao que nos fez chegar até aqui e como precisamos das referências daquilo que vivemos para construir aquilo que ainda vamos viver.

A resiliência da Revide é a mesma de tantas empresas que conseguem prosperar mesmo diante de tantas instabilidades. Não somos, hoje, como éramos em 1986. O mundo mudou e foi preciso que mudássemos também. Por isso, acredito que assistirmos sentados à queda de modelos atuais, como o das editoras e livrarias, não é saudável. Pelo contrário: cria certa inércia fazendo com que nos movimentemos apenas quando empurrados. E a vida não funciona bem assim, né?

Em 32 anos, a Revide já fez rodar pela região cerca de 4 bilhões de páginas impressas. Atualmente, são 55 mil exemplares semanais que impactam, estimativamente, 300 mil leitores a cada edição. Não são números pequenos e desimportantes, mas dados que podem nos fazer refletir sobre o quanto essa circulação e esse empenho não podem ser desmerecidos ou desconsiderados no futuro. Além disso, há uma cadeia que também fomenta esse mercado e pensa soluções: gráficas e distribuidores, por exemplo

Nossa modernização, a partir de 2019, levará em consideração a história que construímos até aqui, cheia de erros e acertos. Teremos um novo projeto gráfico elaborado, editorias e conteúdos diferentes, além de novidades (ainda surpresas) no mundo digital – que, aliás, tem sido um grande aliado nosso, com o Portal Revide batendo recordes e ultrapassando 6 milhões de visualizações neste ano.

Em vez de tratar a tecnologia como inimiga, buscamos tê-la do nosso lado, sem acreditar que ela impede a existência de um mercado analógico consistente e com uma sobrevida que, acredito profundamente, será, ainda, longa. 

Fecharemos 2018 com uma produção recorde: mais de 63 revistas próprias que rodaram pela região, três revistas customizadas e dois livros. Um senhor currículo para mostrar a quem diz que o papel acabou e que o futuro não será coisa nossa. O futuro pertence, sim, a nós, e a qualquer um que queira traçar o próprio destino sem se manter inerte na posição em que foi colocado, esperando que a rotação do planeta seja, suficientemente, o movimento da própria vida. 

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