O que merece ser lembrado

O que merece ser lembrado

Segundo o escritor Luís Fernando Veríssimo, o fundo do poço, no Brasil, é apenas uma etapa. Estamos acostumados, persistentes que somos, a não desistir nunca — o que é até mote de campanha nacional. Nosso país passa por altos e baixos desde o início de sua história e é preciso resiliência para superar os obstáculos que, por vezes, parecem intransponíveis.

Fazendo um rápido recorte dos últimos anos do país, ficam visíveis as oscilações políticas e econômicas que nos fizeram amargar uma das mais graves crises desde 2015. E vale a pena relembrar tudo isso, só para termos uma noção mais ampliada de nossa possibilidade de vencer os momentos difíceis. 

Em 2013, começaram a surgir manifestações, a princípio em São Paulo, rechaçando, inicialmente, o reajuste das passagens de ônibus. No entanto, com o decorrer do tempo, a frase “não é pelos 20 centavos”, fazendo referência ao valor, ganhou corpo, estendendo os protestos para outros setores sociais: saúde e educação, por exemplo.

É certo que, naquele período, o contexto ainda estava por se configurar, em manifestos ainda não muito compostos e um tanto confusos: dizia-se muito sem qualquer solicitação específica. E foi nesse cenário inflamado que foram realizadas as eleições presidenciais de 2014. O país estava polarizado e o reflexo foi visto nas urnas — Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) dividiram os resultados voto a voto. Tanta disputa se estendeu até depois da vitória de Dilma, questionada e com recontagem. 

O início de mandato da presidente foi tumultuado e questionado. Assim, o clima instável foi estendido até agosto de 2016, quando houve o impeachment e assumiu, em seu lugar, o vice-presidente Michel Temer. 

Temer surgia como uma possibilidade de reestruturar o país de forma neutra, ainda que seu mandato-tampão também fosse questionado e classificado como “golpe” por eleitores de Dilma. 

Chegávamos a um quarto ano de instabilidade e inércia econômica na esperança de estabilização, quando, no início de 2017, um áudio entre Temer e o empresário Joesley Batista reacendeu o debate sobre a legitimidade do então presidente e a enraizada corrupção no país. Fim de mandato conturbado.

Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito presidente da República em 2018, reacendendo, mais uma vez, a esperança de estabilização do país. Desde o início do ano, no entanto, e de acordo com economistas, ainda é possível cultivar a certeza da recuperação econômica.
Entre tantas idas e vindas ao fundo do poço, tem sido necessária muita persistência para prosperar nos negócios, tendo a inovação como uma das principais aliadas no processo de reinvenção, sem perder a esperança de que dias— e um país — melhores virão.

E é justamente para destacar as empresas que continuam a desbravar a economia, criando possibilidades, gerando emprego e acreditando no país, que a edição de aniversário de 33 anos da Revide vai trazer um conteúdo especial. Serão amplas reportagens sobre a conjuntura nacional, além de duas páginas para cada empresa que se destacou nesses últimos anos, a despeito da crise. E há muitos gestores e empresários empenhados nessa recuperação, que têm transformado o cenário em nossa região.

Tenho a esperança de que essa seja uma revista inspiradora, compartilhando histórias de sucesso e de profissionais corajosos que nos fazem continuar acreditando que é possível fazer mudanças e transformar a dura realidade.

Para nós, da Revide, que acompanhamos a cidade há 33 anos, ter a oportunidade de resgatar todo esse panorama e colocar os holofotes em grandes iniciativas é mais do que uma tarefa profissional: é nosso dever, para contribuir com a história de Ribeirão Preto, tanto quanto empresários e gestores que fazem o município se desenvolver. 

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