Sobre o que fazemos

Sobre o que fazemos

Esses dias me vi em meio a uma reflexão importante sobre o que realizei nestes últimos 32 anos à frente de um veículo de comunicação. A principal pergunta que me fiz foi: será que o que estamos fazendo tem relevância e importância para a cidade? Meu questionamento girava em torno dessa temática. Sabia que seria muito difícil ter uma resposta única para uma pergunta tão ampla.

Às vezes, observo uma enorme dificuldade de entendimento na leitura que algumas pessoas fazem da Revide — inclusive, cheia de estereótipos. 

A revista tem explicitados em suas editorias os temas de que estamos tratando: política, economia, entrevista, gastronomia, cultura... entre tantos assuntos que têm importância no dia a dia das pessoas. Ainda assim, escutamos algumas vozes dizendo que a revista só tem “cobertura social” — em 68 páginas, em média, com as quais a revista circula todas as semanas, temos quatro ou cinco delas com esses chamados sociais, que englobam eventos como inaugurações de lojas, palestras, exposições, reunindo momentos importantes para quem realizou e quem foi prestigiar.

Outro comentário comumente dito é que a revista não possui matérias sérias. Um equívoco de avaliação, pois toda semana fazemos entrevistas com pessoas que têm muito conhecimento na sua área de atuação, sejam empreendedores, professores, cientistas, etc... Toda semana produzimos uma reportagem especial sobre temas relevantes à cidade, que se intensificou com o lançamento do Caderno Cotidiano, um suplemento de 16 páginas no interior da revista que aborda assuntos do dia a dia da Região Metropolitana de Ribeirão Preto, como destinação do lixo, envelhecimento da população, a flexibilização do porte de armas, mortes no trânsito, entre tantos outros.

Imprimimos, toda semana, 55 mil revistas com notícias que oferecem informação a qualquer pessoa que queira saber sobre o local em que vive.

Depois de pensar sobre tudo o que estamos oferecendo para a cidade gratuitamente — afinal a revista é distribuída nesse formato e ainda tem todo o conteúdo on-line, produzido por mais de nove jornalistas, também oferecido de graça —, tenho certeza de que produzimos algo de muita qualidade no quesito informação. Já ouvi, inclusive, especialistas da área no Brasil dizendo que somos um “case”: não existe nenhuma revista como a nossa no País.

Entre tantas reflexões, cheguei à conclusão de que quando alguém não entende o que estamos fazendo, temos duas alternativas: explicarmos direito ou não nos importarmos com aqueles que preferem falar mal a entender o que tem sido produzido.
Talvez possamos estabelecer uma relação mais próxima com essas pessoas que dizem que a Revide não divulga notícias relevantes, mostrando o conteúdo que elas dizem não existir ou checando o que é relevante para o leitor.

Tenho a impressão de que muito do que é dito não possui embasamento de contexto, ou de real importância daquilo para a vida da pessoa. Por exemplo, quando o Jornal A Cidade parou de circular pela região, ouvi muita gente reclamar. Cada vez que eu ouvia o lamento, perguntava para a pessoa se ela era assinante ou se comprava na banca. Invariavelmente, eu ouvia que nem era assinante e nem tinha o hábito de comprar o jornal. É certo que aquele ditado de que “santo de casa não faz milagre” parece cada vez mais atualizado.

Enfim, acredito que de uma maneira bem objetiva eu acabei me rendendo a uma verdade muito atual lendo a coluna do Hélio Schawtzman na Folha do último domingo. Segundo ele, nós nos apaixonamos facilmente por nossas próprias ideias e as defendemos como militantes. Ele cita Robert Wright em o Animal Moral. “O cérebro é como um bom advogado: dado um conjunto de interesses a defender, ele se põe a convencer o mundo de sua correção lógica e moral, independentemente de ter qualquer uma das duas. Como um advogado, o cérebro humano quer vitória, não verdade”.

Sempre defenderei o que fazemos, porque acreditamos muito que o que estamos produzindo tem relevância e importância para o município, essa é a nossa causa e por ela continuaremos lutando e acreditando. Tenho convicção de que a uma boa informação e um bom conteúdo fazem parte do alicerce que sustenta uma sociedade.

Tudo isso independe da leitura ou até mesmo da não leitura que algumas pessoas façam do nosso trabalho. Quando fazemos aquilo que acreditamos que seja o melhor, imagino que estejamos cumprindo o nosso papel. 

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