TEMPO DE NOVOS HÁBITOS

TEMPO DE NOVOS HÁBITOS

Só quem tenta começar do zero uma nova rotina sabe o quanto é difícil criar – e manter – bons hábitos. Pode ser um novo padrão de alimentação, um novo cotidiano de exercícios físicos, ou até mudanças mentais, como deixar de pensar negativamente ou de falar palavrões.

Quando temos escolhas ou possibilidades pela frente, é difícil escolher pelo que apresenta um caminho mais duro e árduo, ainda que, ao mesmo tempo, seja recompensador no final. As velhas práticas a que nos acomodamos e que são instantaneamente mais prazerosas levam a vantagem de parecerem, sempre, mais descomplicadas e convidativas. Vivemos entre decisões, das mais simples às mais complicadas, e precisamos escolher entre caminhos nem sempre muito claros.

Mesmo para uma pessoa como eu, que gosta muito de praticar exercícios, e que também gosta muito de acordar de madrugada, com o dia ainda escuro, e sair para correr, alguns dias isso também não é fácil. Imediatamente às 5h, quando toca o despertador, meu quarto e minha cama parecem bem mais convidativos. Ainda assim, penso nos outros prazeres que a corrida me proporciona.

Com a pandemia do novo coronavírus e a mudança de rotina que nos foi imposta, grande parte dos nossos hábitos precisaram ser transformados. Atualmente, por exemplo, não vou mais à academia de segunda a sexta. Em vez disso, precisei reprogramar algumas séries de exercícios para fazer na sala de casa. Também não posso mais correr com amigos ou andar de bicicleta, respeitando o isolamento domiciliar. Para compensar, tento me movimentar sozinha.

Foi pensando em nossa programação da vida e em como nos relacionamos com nossa rotina que decidi ler mais e me informar sobre nosso corpo e sobre os hábitos que nos regem. Encontrei a teoria dos 21 dias. Ela não é recente, mas serve muito bem para esses tempos de quarentena.

Segundo a teoria, pesquisadores afirmam que nossa mente e nosso corpo se adaptam a novos hábitos depois de 21 dias de prática. Nosso cérebro se "reprogramaria" após esse período, criando um novo modelo de compreensão daquela realidade.

Um dos pioneiros desse pensamento foi o cirurgião plástico e psicólogo Maxwell Maltz, na década de 60. Segundo relatos, seus pacientes notavam as mudanças das cirurgias somente depois de 21 dias da operação, registrando que esse seria o período que a mente leva para se adaptar a uma mudança. Depois, centenas de artigos e textos também defenderam a tese, seja pelo hábito de não reclamar durante certo período ou de meditar, por exemplo.

Enquanto muitos de nós estão em casa e com um dia a dia completamente diferente daquele a que estamos habituados, essa quarentena pode ser uma oportunidade para criar novos – e bons – hábitos.

Quem sabe fazer aquele yoga que sempre desejou, ou ler um bom livro e, talvez, cozinhar? Podemos tentar perseverar nessas mudanças, aproveitando um período de tanta incerteza e instabilidade, para melhorarmos quem somos – por dentro e por fora.

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