A Unaerp e o meu projeto de vida

A Unaerp e o meu projeto de vida

Quando coloquei os meus pés pela primeira vez no campus da Unaerp, eu tinha 18 anos. E o meu coração estava pleno de sonhos e de vontades. Carregava em mim o desejo de ser uma jornalista que ajudaria a mudar o mundo. Já naquela época, acreditava que cada um de nós poderia, de alguma maneira, fazer do planeta um lugar melhor para se viver. Achava que essa deveria ser a melhor meta: fazer com que a nossa vida tivesse algum sentido nesse mundo maior.

De lá para cá já se passaram quase 40 anos. E quanta coisa mudou. Aquela faculdade cresceu e, agora quase centenária, continua fazendo parte da minha vida. E se paro para me lembrar daqueles anos, a década de 80, recordo o momento em que o país ainda discutia a saída de um período longo de um regime político comandado pelos militares, que ainda tateava o novo terreno da democracia, que buscava um caminho de liberdade política. A imprensa ainda tentava se livrar de um período que tolheu a sua maior capacidade, que era de informar aos cidadãos o que acontecia nos bastidores daqueles que comandavam o país.

Em 1983, tomavam posse os primeiros governadores eleitos pelo voto direto, desde o golpe militar de 1964. E o país de hoje, depois de um longo período vivendo nesta jovem democracia, fortalecida pela luta dos anos duros da ditadura militar, continua à espera de um futuro próspero e menos desigual.

Nessas horas de desalento, sempre penso que é preciso continuar a acreditar e, principalmente, é preciso continuar lutando pela liberdade e pela democracia. Neste ano, aquela faculdade em que a Revide nasceu completa 97 anos e aquele sonho de uma revista na cidade completa 35 anos. Sinto como imperativo que é hora de reafirmar um lugar neste futuro. É preciso deixar um legado para as futuras gerações que poderão fazer, sim, desse país um lugar melhor para se viver.

E vou aproveitar esse espaço para fazer também uma singela homenagem a algumas pessoas que foram importantes nesta minha história com a Unaerp e a Revide.  Eu me lembro dela andando pelos corredores daquele lugar que ia me formar para uma profissão, mas que também me formaria para uma vida; a Sonia Camargo, a Soninha. Sempre elegantemente vestida e confiante. O que mais me chamava a atenção era a segurança que ela tinha. Ela nem foi minha professora, à época era a coordenadora do Curso de Publicidade. E até hoje está lá, lutando pela causa que acreditou, tentando fazer da vida das pessoas que passam pela Universidade uma vida melhor — e continua acreditando na revista que nasceu naqueles bancos. São tantas outras pessoas que ficará difícil nominar a todos, mas vou citar dois colegas, homenageando a todos que passaram pela minha vida, minha formação e pela história da Revide também: a Elivanete Barbi (que foi a segunda editora da revista), minha professora, que continua dando aulas no curso de Jornalismo, e o César Mulati, que nos ensinava fotografia. Na nossa época, era preciso enfrentar o quarto escuro e aprender a revelar o filme e fazer as fotos que iriam para o nosso jornal do curso.

Tantas outras pessoas depois se formaram lá e passaram por aqui. Quantas gerações de jornalistas que fizeram um pouco da nossa história e do Jornalismo na nossa cidade.

Que o curso de Jornalismo, hoje completando 50 anos, seja ainda mais longo e que continue formando pessoas que sonhem que ele pode, sim, ajudar a construir um mundo melhor.

 

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